Após criticar fala contra Israel, Pacheco diz que 'nada abala' relação com Lula
Presidente classificou as ações israelenses de 'terroristas' e foi duramente criticado por especialistas e lideranças do país
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta quarta-feira (21) que a cobrança por um pedido de desculpas do governo brasileiro a Israel foi para resolver "um problema diplomático grave" e que "nada abala" a relação dele com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na terça (20), em discurso no plenário, Pacheco criticou o petista por ele comparar as ações de defesa de Israel no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao nazismo na Segunda Guerra Mundial. O presidente do Senado também disse que apesar da repreensão ao petista, "nada abala" a relação dele com Lula.
"Isso não influenciará negativamente a minha relação com o presidente Lula, tanto pessoal quanto institucional. O que significou meu pronunciamento ontem, longe de uma repreensão, foi a busca de uma solução de um problema diplomático grave, que se apresenta em função de uma fala do presidente Lula", afirmou.
Na sessão de ontem, Pacheco disse que a fala do petista foi "equivocada" e que merece um pedido de desculpas. "Não há como estabelecer um comparativo com a perseguição sofrida pelo povo judeu no nazismo", completou.
A fala de Lula também gerou reações de outros parlamentares. Na Câmara, um grupo de deputados federais apresentou um pedido de impeachment contra o petista.
Entenda
A declaração de Lula foi feita em entrevista coletiva no último domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Adeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus", disse.
Após as declarações de Lula, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou o presidente e descreveu suas palavras como vergonhosas e graves. Ele anunciou que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura" repreensão formal.
"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo, em que defende o direito internacional", declarou nas redes sociais.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".
Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".