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Para economistas, não existe vínculo entre rotativo do cartão e parcelamento sem juros

Especialistas criticam pressão sobre o Banco Central para restringir parcelas de pagamento do varejo como forma de reduzir o spread

Brasília|Carlos Eduardo Bafutto e Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília

Especialistas analisam posição do Banco Central
Especialistas analisam posição do Banco Central

Economistas ouvidos pelo R7 discordam da correlação citada nesta segunda-feira (23) pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entre a alta taxa de juros do rotativo do cartão de crédito e a falta de limite para o parcelamento sem juros na modalidade de pagamento, posição dos maiores bancos brasileiros. A ideia de Campos Neto seria reduzir o spread, ou seja, a diferença entre o preço pago pelo consumidor na máquina e o valor real do produto.

"O público do rotativo é diferente do público do parcelamento. Por exemplo, há quem prefira pagar em 12 vezes sem juros do que pagar com juros. Agora, há outras pessoas, com menos educação financeira, que usam o rotativo. Então, o parcelamento não tem uma correlação com o rotativo", afirma o economista Newton Marques, do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF).

"O rotativo não está ligado ao parcelamento. São duas operações totalmente diferentes. O que eu acredito é que o Banco Central não deveria intervir no que a gente chama de atributo do produto, que é parcelamento, rotativo. O que precisa é maior rigor e o estabelecimento do limite de crédito", argumenta o economista e professor de economia César Bergo.

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Na última semana, a Associação Brasileira de Internet (Abranet) criticou a ideia de limitar as compras parceladas sem juros no cartão de crédito no Brasil. "As compras parceladas são o motor do consumo no Brasil [50% do volume de cartões, atingindo R$ 1 trilhão/ano, equivalente a 10% do PIB]", diz a entidade.


A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) respondeu que o texto da Abranet tem teor "desrespeitoso e ofensivo" ao Banco Central, que faz a mediação do debate sobre o tema, e que faz citações "inverídicas". A instituição também diz que a Abranet omite o fato de que o parcelado sem juros responde por 15% da carteira de crédito de pessoas física e, por isso, exige uma "pronta atuação" do BC.

A associação de consumidores Proteste também enviou uma nota ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), Fernando Haddad, em que critica o fim do parcelamento sem juros. "A entidade esclarece que o parcelamento sem juros no cartão de crédito substituiu, com mais segurança, o sistema de crediário. O parcelamento sem juros é uma modalidade que, na prática, veio substituir o tradicional crediário, no qual as operações de compras a prazo se davam diretamente no estabelecimento varejista escolhido pelo consumidor para as suas compras", diz o texto.

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