PF tenta identificar extremista que invadiu Planalto e destruiu relógio histórico
Novas imagens mostram o homem em meio a pessoas que arremessavam pedras nas proximidades do prédio do STF
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A Polícia Federal (PF) teve acesso a novas imagens que mostram o homem responsável por destruir o relógio histórico que ficava no gabinete presidencial no Palácio do Planalto. O vândalo ainda não foi identificado, e o registro pode ajudar nas investigações. Vestido com uma camisa com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o extremista foi flagrado pelas câmeras de segurança ao derrubar o objeto, trazido ao Brasil por dom João 6º em 1808.
O mesmo homem foi fotografado pelo repórter fotográfico Marcelo Camargo, da Agência Brasil, empresa pública de notícias mantida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No registro, o extremista aparece em movimento, como se tivesse acabado de arremessar algum objeto, assim como faz outro manifestante trajado com uma camisa camuflada. Ao fundo é possível observar o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) já depredado e pichado.
No vídeo gravado por câmeras de segurança do 3º andar, é possível ver o momento em que o homem joga o relógio de Balthazar Martinot no chão, além de derrubar mesas e cadeiras. A peça é uma das únicas do artista que resistiram ao tempo. Afora o exemplar dado de presente a dom João 6º e trazido ao Brasil, há apenas outro guardado no Palácio de Versalhes, em Paris.
Mesmo com as novas imagens, as autoridades ainda estão procurando o extremista. Denúncias podem ser feitas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública pr meio de um email criado para auxiliar nas identificações. O endereço é o denuncia@mj.gov.br.
Fake news e tentativa de recuperação
A gravação foi repercutida em grupos nas redes sociais de manifestantes que não aceitam o resultado da eleição. A partir de então, começou a circular uma informação falsa de que o extremista que destruiu o relógio era, na verdade, um infiltrado que entrou no prédio horas antes do ataque.
Isso porque a relíquia não marcava o horário correto quando foi arremessada. O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, explicou que o objeto estava com os ponteiros parados, já que, por ser antigo, nenhum profissional conseguiu fazer com que ele voltasse a marcar as horas corretamente.
Segundo Carvalho, a restauração do relógio é avaliada como "muito difícil". Além do relógio, no Planalto foram destruídas obras de Di Cavalcanti e Bruno Giorgi, a mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek e a escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg. O prejuízo é estimado em ao menos R$ 8,5 milhões.
"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", disse Carvalho. "Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do modernismo brasileiro", completou.