Uma das motos aquáticas de Bolsonaro não retornou de pescaria durante buscas da PF em Angra
Defesa alegou que família saiu para pescar antes da chegada dos agentes; Flávio Bolsonaro diz que veículo não pertencia à família
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
Após operação da Polícia Federal (PF) para investigar monitoramento ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a corporação apontou que uma das embarcações usadas pela família supostamente para pescar não retornou à residência, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por interlocutores da PF ao R7. Em coletiva da oposição no Senado, o senador Flávio Bolsonaro negou que isso tenha ocorrido.
"Narrativa absurda e corrobora com o que temos dito: o que aconteceu no domingo, com o vereador Carlos Bolsonaro, no domicílio do ex-presidente Bolsonaro é uma pescaria probatória, o que é vedado pela nossa legislação", disse.
Flavio defendeu que ele não era alvo da operação e que por isso não precisaria voltar. O parlamentar alegou que a moto aquática não era dele e que teria ido devolvê-la ao dono. “Não voltei para a residência porque estava em um jet-ski que não era meu, que eu tinha que devolver para a pessoa no local que não era a Vila Histórica de Mambucaba, e depois fui para um almoço”.
Na última segunda-feira (29), a Polícia Federal realizou uma operação para investigar um suposto monitoramento ilegal realizado durante o governo de Jair Bolsonaro. Um dos alvos da operação foi o filho do ex-presidente e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
A casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foram alvos das buscas, assim como a casa da família em Angra dos Reis. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
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De acordo com a defesa de Bolsonaro, no momento da chegada dos agentes da PF, o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro não estavam no local por terem saído para pescar, mas que voltaram "imediatamente" ao saber das buscas.
A operação tem como foco descobrir os possíveis destinatários das informações supostamente obtidas ilegalmente pelo grupo, que monitorava autoridades brasileiras — entre eles, os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Na última quinta-feira (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão. O gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados foi um dos endereços visitados pelos agentes.
Relembre o caso
Em 2023, a PF encontrou indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.
A suspeita é de que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Bolsonaro.