Aceleramos o novo Jaguar XE; sedã médio chega com a missão de 'popularizar' a marca inglesa no Brasil
Modelo está nas lojas em quatro versões com preço inicial de R$ 169,9 mil e plano de leasing
Carros|Diogo de Oliveira, do R7, em Mogi Guaçu (SP)*



A compra da Jaguar Land Rover pela indiana Tata Motors, em 2008, foi vista de início com certa incerteza. Na época, as marcas guardavam muitas heranças da ex-dona Ford e pareciam "perdidas". Mas ao contrário do que muitos imaginavam, a mudança de mão só fez bem ao grupo inglês. Na prática, Jaguar e Land Rover renasceram com "carta branca" da Tata. E o resultado é uma renovação profunda de todos os carros, e um mergulho em novos segmentos — casos do SUV F-Pace e do sedã XE, que acaba de chegar ao Brasil.
Projeto audacioso e ultramoderno, o XE chega para conduzir a Jaguar a um nicho iexplorado pela marca, de sedãs médios de luxo, onde os alemães mantêm amplo domínio. O trio Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C não só detém o grosso das vendas, como está no imaginário do brasileiro que sonha em conquistar seu carrão. Portanto, o desafio vai muito além dos R$ 169.900 iniciais. O Jaguar XE foi desenvolvido para se destacar dos rivais em tudo. E os ingleses levaram isso a sério.
Evidentemente, o termo "popularizar" é apenas força de expressão. No cardápio do XE, não há — nem deverá existir — versões com mecânica modesta. As três configurações de entrada usam um 2.0 turbocharged a gasolina, capaz de gerar 240 cv de potência e um torque viril de 34,6 kgfm entre 1.750 e 4.000 giros. Com este, o sedã arranca de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, tempo que baixa para 5,1 segundos na versão topo de linha S, empurrada pelo vigoroso 3.0 V6 Supercharged de 340 cv e 45,9 kgfm.
Ao volante
Tivemos a chance de provar a versão top XE S em duas situações: na estrada e em circuto fechado, ambos no interior de São Paulo. Na pista, pudemos levar o sedã ao limite, provando todos os recursos eletrônicos de segurança ativa, a inédita direção elétrica progressiva, e o motor V6 Supercharged. Este é o mesmo do esportivo F-Type, tem ronco encorpado e imponente, e traduz a sonoridade em respostas instantâneas ao acelerador. Seus 45,9 kgfm de torque são absolutamente imperativos.
Mas antes de ligar a máquina, há de se falar na cabine. É lá que seu dono passará boa quantidade de tempo e, como em qualquer Jaguar, espera-se algo acima do padrão. No caso do XE, o design já chama a atenção de imediato. A escultura das portas se une ao painel formando uma espécie de cinturão que circunda os bancos. Para quem vai à frente, é sem dúvida um aspecto marcante no sedã. O espaço interno e de perfil baixo também se impõe, e é realçado pelo largo console entre os bancos.
Uma vez a bordo, têm-se a sensação real de estar em um sedã executivo de luxo. A qualidade de monta das peças é cirúrgica e há materiais de qualidade notável ao toque. A crítica fica pela maior quantidade de peças plásticas, algo que pode ser justificado pelo preço. O XE parte de R$ 169.900 e atinge R$ 299.900 na versão S, enquanto o XF, próximo na gama Jaguar, começa em R$ 204.900 e vai a R$ 459.500 na feroz configuração XFR. Ou seja, a distância em cirfas é bem razoável.





Outro detalhe à primeira vista estranho em um modelo da marca felina é o revestimento do porta-malas. Ao aguachar com a tampa aberta, vê-se ao fundo algumas partes metálicas da estrutura do sedã — que é feita 75% de alumínio, algo incomum entre os concorrentes. A ausência de revestimentos causa certa decepção, mas não representa, por exemplo, uma falha no isolamento acústico da cabine, que é muito eficiente. Quer dizer, há um ou outro detalhe de "baixo custo". Mas é pouco.
Ao volante, o Jaguar XE justifica a referência de "sedã mais esportivo da história da marca". A carroceria longilínea, de proporções perfeitas e centro de gravidade baixo, usa alumínio em abundância e combina alta rigidez e leveza. São 1,6 tonelada na versão top e 340 cv à disposição, entregando uma relação peso/potência de só 4,89 kg/cv. Nos dados de fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h leva rápidos 5,1 segundos, e a máxima vai a 250 km/h. São números de um esportivo de verdade.
Neste primeiro contato, o que mais impressionou foi a capacidade do sedã de se adequar ao ambiente. Na pista, pudemos provar toda a sua ferocidade e equilíbrio. Foram poucas volta, mas suficientes para mostrar desempenho agressivo e balanceado. Com motor V6, evidentemente o XE fala mais alto que nas versões mais baratas, com o 2.0 turbo de 240 cv. De qualquer forma, a promessa é de um carro extremamente dinâmico. E o modelo entrega, com seus conjuntos de suspensão independentes, por braços duplos na frente e múltiplos atrás.
Pegamos um trecho de estrada a bordo do XE, no interior de São Paulo. E ali pudemos sentir de forma mais real os ajustes de engenharia. Quem já dirigiu outros modelos da marca vai estranhar de início as respostas da direção elétrica. Sua leveza, mesmo com o carro em alta, parece anestesiar o motorista. Porém, a precisão dos movimentos da carroceria nas manobras logo quebra qualquer dúvida. Em modo normal de condução, o XE prioriza o conforto, com direção mais suave. E isso é bom.
No dia a dia, o dono de um sedã como o XE espera encontrar elevado nível de conforto. Por outro lado, também se espera autoridade no desempenho. E nesse ponto, a combinação entre o motor V6 supercharged e a transmissão automática de oito marchas é impecável. Ao contrátrio do que possa parecer, o câmbio multimarchas é extremamente rápido nas trocas, e o motorista tem respostas instantâneas ao acelerador. Ao mesmo tempo, em velocidade de cruzeiro, o motor gira baixo e ajuda no consumo.
O equilíbrio dinâmico é outro ponto alto. O ajuste de suspensão em modo normal é bastante agradável, e a carroceria se mantém estável mesmo em frenagens intensas, que gozam de discos ventilados nas quatro rodas e suporte do sistema All-Surface Progress Control, que controla a tração nas rodas traseiras. O sedã traz ainda o sistema de vetorização de torque, presente no cupê F-Type, que aplica os freios individualmente nas rodas internas em curvas, ajudando o motorista de forma sutil a manter o veículo "grudado" no asfalto.
Para quem gosta de tecnologia, o XE vem de série com bastante conteúdo (veja a ficha técnica), e tem modernidades sedutoras, como o seletor do câmbio, que é operado por um botão giratório que emerge no console entre os bancos, e o Head-Up Display com projeção a laser de alta definição. A conectividade também é destaque com a central multimídia InControl Touch. Esta inclui tela de oito polegadas sensível ao toque, Bluetooth, GPS, portas USB, e permite configurar várias funções do veículo.
Ponto de vista
O Jaguar XE acaba de chegar às lojas brasileiras e promete revolucionar os negócios da marca inglesa no Brasil. A depender do sucesso (e da economia do País), pode vir a ser produzido na fábrica que a Jaguar Land Rover vai inaugurar no início de 2016 em Itatiaia, no Rio de Janeiro. Em termos de produto, o sedã é uma revolução para a marca e também para a categoria, uma vez que usa alumínio em abundância — metal mais leve que o aço — e traz motores modernos e recursos eletrônicos sofisticados.
O desafio do XE é convencer a clientela conservadora de Audi, BMW e Mercedes-Benz. Neste caso, o preço base pode ajudar, embora a marca projete vendas maiores para as versões mais caras. Para ajudar, a Jaguar oferece um plano de financiamento/leasing em que o comprador entra com 20% e paga 24 prestações fixas que compreenderiam pouco mais da metade do valor sugerido. Ao final, paga-se o restante em parcela única ou o devolve à rede, que dá garantia de recompra. É uma boa jogada em tempos de crise.

FICHA TÉCNICAS
Jaguar XE S 3.6 V6 Supercharger A/T
Motor: 3.0 V6, 24 válvulas, supercharger, gasolina
Potência: 340 cv a 6.500 rpm
Torque: 45,9 kgfm a 5.500 rpm
Câmbio: Automático sequencial, oito marchas
Direção: Assistência elétrica; tração traseira
Suspensão: Independente por braços duplos na dianteira, e por braços múltiplos na traseira
Dimensões: 4,67 m (comprimento), 1,85 m (largura), 1,41 m (altura), 2,83 m (entre-eixos)
Freios: Dicos ventilados na frente e atrás
Rodas e pneus: 235/55 R17
Peso (ordem de marcha): 1.665 kg
Porta-malas: 455 litros
Tanque de combustível: 66 litros
Garantia: 3 anos
Preço (R$): 299.000
Principais equipamentos: Bancos esportivos com revestimento em couro Alcantara, peças de fibra de carbono no painel, Head-Up display, sensor de estacionamento em 360º, chave presencial, rodas de liga leve aro 19, suspensão pneumática com amortecedores ativos, central multimídia com tela touch de oito polegadas, GPS, Bluetooth e entradas USB, sistema de som premium Meridian com 11 alto-falantes, subwoofer e 380W de potência
DESEMPENHO
Aceleração 0-100 km/h: 6,8 segundos 5,1 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente)
Jaguar XE Si4 Pure 2.0 Turbo A/T
Motor: 2.0 16V, quatro cilindros, turbo, gasolina
Potência: 240 cv a 5.500 rpm
Torque: 34,6 kgfm entre 1.750 e 4.000 rpm
Câmbio: Automático sequencial, oito marchas
Direção: Assistência elétrica; tração traseira
Suspensão: Independente por braços duplos na dianteira, e por braços múltiplos na traseira
Dimensões: 4,67 m (comprimento), 1,85 m (largura), 1,41 m (altura), 2,83 m (entre-eixos)
Freios: Dicos ventilados na frente e atrás
Rodas e pneus: 235/55 R17
Peso (ordem de marcha): 1.530 kg
Porta-malas: 455 litros
Tanque de combustível: 66 litros
Garantia: 3 anos
Preço (R$): 169.900
Principais equipamentos: Bancos e volante em couro, acabamento em black piano no painel, sistema Start/Stop, monitor de de pressão nos pneus, faróis de Xenon com LEDs dirunos, sistema de navegação, sistema de som Jaguar com 6 alto-falantes e sensor de obstáculos traseiro, controles de estabilidade e de tração
DESEMPENHO
Aceleração 0-100 km/h: 6,8 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente)