SP: adversários usam saúde e crise d’água para atacar Alckmin no último debate
Tucano foi acusado de fechar leitos e deixar de investir no setor hídrico no Estado
São Paulo|Do R7
O último debate com sete candidatos ao governo de São Paulo, na TV Globo, na noite desta terça-feira (30), começou com acusações ao atual governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB) na área da saúde e recursos hídricos. Mesmo sem o embate direto, o tucano foi alvo de todos os outros seis participantes, que entre si criticavam administração dele.
A primeira alfinetada partiu de Paulo Skaf (PMDB) em uma pergunta a Gilberto Natalini (PV). Ele falou que Alckmin fechou leitos do SUS em São Paulo.
— Quando Alckmin assumiu o primeiro mandato, em janeiro de 2003, São Paulo tinha 77 mil leitos, hoje tem 59,5 mil. Perdemos quase 18 mil leitos. É por essa razão que, apesar dos anúncios do governador, de fazer novos leitos, você não sente melhora nenhuma, porque ele fecha muito mais leitos do que abre.
O tema continuou em pauta e foi usado pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), contra o adversário do PSDB.
— Eu fico indignado com o que disse aqui o governador Alckmin, que a Justiça já me deu direito de resposta em relação ao que ele falou, de brincar com a saúde das pessoas e dizer que leitos não foram fechados.
Na primeira oportunidade que teve, Alckmin se defendeu e disse que o culpado pela falta de recursos para a saúde é do governo do PT.
— Infelizmente eu vejo aqui o candidato, que foi ministro da Saúde, falar de saúde, mas na realidade, ficou muito quietinho quando houve uma redução forte de recursos para a saúde. O governo federal deixou de investir R$ 28 bilhões. Há uma crise de financiamento no Brasil. Nós [governo] estamos ajudando todas as Santas Casas de Misericórdia.
Padilha voltou a falar do adversário tucano e disse que, quando era ministro, não foi apoiado pelo governador.
— O governador Alckmin, que é médico como eu, fez o mesmo juramento ético, mas não trata a saúde como deveria tratar, fechou leitos no Estado de São Paulo.
Quando perguntou, Alckmin manteve a estratégia de não escolher os principais adversários. Direcionou a questão a Walter Ciglinoni (PRTB), mais uma vez usando parte do tempo para se defender da acusação de Padilha.
— Antes colocando que São Paulo não fechou nenhum leito. São Paulo aumentou 2.360 leitos para o SUS. Nós temos 91 hospitais no Estado. O governo federal tem um, que nós ainda estamos ajudando.
Crise da água
Outro tema que dominou os dois primeiros blocos do debate foi a crise de abastecimento de água enfrentada pelo Estado. O governador foi acusado por Laércio Benko (PHS) e por Skaf de deixar de fazer investimentos no setor porque a Sabesp distribui dividendos entre os acionistas na bolsa de valores de Nova York. Segundo ele, em cinco anos, a Sabesp repassou R$ 4,3 bilhões de lucro para os sócios.
— O governo tucano abriu o capital da Sabesp na bolsa de valores de Nova York. Cada pedacinho da conta que você paga vai distribuir para acionistas na bolsa de Nova York. [...] Nós vamos, ao invés de ficarmos culpando São Pedro, parar de chover dólares na bolsa de Nova York.
Alckmin rebateu e disse que é obrigação da companhia repartir os lucros.
— A Sabesp é uma empresa estatal. O dono da Sabesp é o povo. [...] A Sabesp investiu R$ 9,3 bilhões. É impressionante o desconhecimento das pessoas. A Sabesp é uma S.A., uma sociedade anônima. Do lucro que ela tem, é obrigada distribuir 25%. Ela distribui o mínimo. E desses 25% a maior parte é para o governo. É o governo que recebe para poder investir em educação, em saúde. E os acionistas minoritários da Sabesp são trabalhadores, fundos de pensão.
Em uma resposta a Alexandre Padilha, Skaf mais uma vez tocou no assunto e apresentou números, dizendo que a Sabesp distribuiu dinheiro a mais para os investidores.
— Eu queria fazer uma correção para o governador, com todo respeito. Ele diz que a Sabesp distribuiu, obrigatoriamente, 25%. Não. Ela distribuiu R$ 4,7 bilhões. A obrigação dela era R$ 3,8. Distribuiu R$ 1 bilhão a mais. Uma empresa quando tem uma prioridade de investimento, ela reúne os acionistas e pode sim não distribuir.
Direito de resposta negado
Padilha citou o cartel dos trens como exemplo de corrupção e fez com que Alckmin pedisse direito de resposta.
— Um exemplo muito nítido aqui no Estado de São Paulo, durante 15 anos o atual governo do Estado do PSDB conviveu com um esquema de corrupção no metrô e no trem, que reduziu ao longo de todo esse período a velocidade das obras do metrô.
Alckmin pediu direito de resposta, devido à expressão de que o “governo conviveu com o esquema de corrupção”. Mas a organização do debate negou, alegando que não houve ofensa pessoal.
Levy Fidelix
Maringoni, que é do mesmo partido de Luciana Genro, repercutiu uma declaração que Levy Fidelix (PRTB) deu ao responder, no debate da TV Record, uma pergunta da candidata à presidência sobre direitos dos homossexuais.
— Eu quero só falar de uma coisa a mais que não está na pauta desse debate, mas todos vocês ficaram chocados como eu com as declarações do candidato a presidente Levy Fidelix, declarações homofóbicas, incitando o ataque, a violência contra os homossexuais. Nós precisamos fazer um esforço para que isso acabe. Não se trata do Levy Fidelix, que é um personagem menor nessa história, mas da mentalidade Levy Fidelix, de milhões de Levy Fidelix que existem no nosso País e que impedem a aprovação de uma legislação que criminaliza a homofobia.
O candidato ao governo de SP pelo PRTB saiu em defesa de Fidelix. Ciglioni criticou a postura de Maringoni.
— Antes quero dizer o seguinte: o artigo 5º da Constituição garante a liberdade de expressão. O nosso presidente do partido já tem feito as suas declarações. E não tem nada a ver debate com perguntas fora do ponto.