‘Alcatraz dos jacarés’: como deve ser nova prisão para imigrantes construída na Flórida
Centro de detenção em área remota, cercada por jacarés e pítons, deve custar US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões)
Internacional|Do R7
Autoridades do estado da Flórida, nos Estados Unidos, estão construindo um novo centro de detenção para imigrantes. O local será chamado de “Alcatraz dos jacarés”, por causa dos pântanos ao redor e em referência à famosa prisão da Califórnia.
O projeto começou oficialmente na segunda-feira (23) e vai ser erguido sobre um ntigo campo de aviação, segundo o jornal The New York Times, que diz que a ação faz parte dos esforços do governo de Donald Trump para intensificar as deportações em massa.
A área, cercada por uma rica vida selvagem, incluindo jacarés, pítons, linces e panteras, foi escolhida por causa da localização remota e pela “segurança natural” que esses animais proporcionam, segundo o procurador-geral da Flórida, James Uthmeier, aliado de Trump.
“Não é preciso investir tanto no perímetro. Se as pessoas saírem, não há muito o que esperar além de jacarés e pítons”, disse Uthmeier em um vídeo divulgado nas redes sociais. Ele descreveu a instalação como “eficiente” e “de baixo custo”
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Estrutura e custos
A nova prisão será composta por grandes tendas e trailers, uma infraestrutura considerada leve para agilizar a construção, de acordo com a rede norte-americana CNN. Ainda não se sabe quantos prisioneiros a unidade será capaz de abrigar.
A meta é que pelo menos parte do centro esteja operacional já na primeira semana de julho, disse Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS), ao The New York Times.
O custo anual estimado da instalação é de US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões), mas a Flórida pode solicitar reembolso parcial à Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA), segundo a CNN.
Os recursos virão de um fundo criado durante o governo de Joe Biden para apoiar jurisdições que cuidam de imigrantes durante processos judiciais, embora o governo Trump tenha criticado seu uso anterior.
Objetivo: mais deportações
O “Alcatraz dos jacarés” faz parte de um plano maior para aumentar a capacidade de detenção de imigrantes nos EUA, de acordo com a mídia norte-americana. O governo Trump busca adicionar 5.000 leitos, distribuídos entre o novo centro e outras possíveis instalações na Flórida.
Atualmente, cerca de 55 mil imigrantes estão detidos pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), um número maior em relação aos 40 mil registrados no fim do governo Biden, segundo o The New York Times.
Tom Homan, o “czar da fronteira” de Trump, disse que o número de leitos disponíveis determinará a quantidade de deportações possíveis.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, elogiou o projeto como “inovador e econômico”, afirmando que a parceria com a Flórida permitirá expandir rapidamente a capacidade de detenção.
O centro complementa outras medidas do governo, como o envio de migrantes para Guantánamo, em Cuba, e para a megaprisão CECOT, em El Salvador.
A Casa Branca também pressiona por mais verbas no Congresso e busca mobilizar autoridades locais para realizar pelo menos 3.000 prisões diárias relacionadas à imigração, de acordo com a CNN.
Críticas e preocupações
O projeto enfrenta resistência. A prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, expressou preocupação com a rapidez do processo. Em carta ao Departamento de Gerenciamento de Emergências da Flórida, ela pediu mais tempo para avaliar os planos, destacando a falta de diálogo com a comunidade local.
Defensores dos direitos dos imigrantes também criticam a iniciativa. Mark Fleming, do Centro Nacional de Justiça para Imigrantes, classificou o plano como “revoltante” por expor detidos a condições precárias, como o calor intenso do verão da Flórida.
Fleming disse ao The New York Times que a instalação representa um “sistema de detenção independente e sem responsabilidade”, sem garantias claras de serviços médicos e outros cuidados essenciais
Uthmeier, por outro lado, prometeu “devido processo” aos detidos, em uma entrevista à CNN. Ele defendeu o projeto como um passo para “resolver de uma vez por todas o problema da imigração ilegal”.
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