Como brasão da Dinamarca virou recado contra ameaça de Trump anexar Groenlândia
Desde 1819, o brasão da Casa Real Dinamarquesa foi alterado quatro vezes: em 1903, 1948, 1972 e agora, em 2024
Internacional|Do R7
Após a polêmica envolvendo Donald Trump e sua proposta de comprar a Groenlândia, o rei Frederico da Dinamarca revelou uma nova versão do brasão real. O novo design dá maior destaque à Groenlândia e às Ilhas Faroé, marcando uma atualização histórica.
Desde 1819, o brasão da Casa Real Dinamarquesa foi alterado quatro vezes: em 1903, 1948, 1972 e agora, em 2024. A mudança atual acontece em um contexto de tensões geopolíticas, após declarações do presidente eleito dos EUA que sugeriram até uma possível ação militar para adquirir o território.
O que significa o brasão da Dinamarca?
A história do brasão remonta ao reinado de Valdemar II, conhecido como Valdemar, o Vitorioso, que introduziu os três leões azulados (ou leopardos heráldicos) em um fundo dourado. Esse design, inspirado pela cavalaria medieval europeia, ganhou pequenos corações vermelhos, que alguns acreditavam ser folhas estilizadas, mas cuja interpretação como “corações” se tornou a mais aceita.
Ao longo dos séculos, o brasão foi expandido para incluir símbolos de outros territórios governados pela Dinamarca, especialmente durante a União de Kalmar, que uniu Dinamarca, Noruega e Suécia. Com o tempo, ele foi simplificado para refletir a Dinamarca como um estado independente, mas ainda preserva elementos históricos, como os três leões, os corações e ícones de territórios históricos.
A versão mais recente adiciona novos campos que destacam o urso polar da Groenlândia e o carneiro das Ilhas Faroé, reforçando a ligação da Dinamarca com esses territórios. Em declaração publicada no Ano Novo, a família real afirmou: “o rei deseja criar um brasão contemporâneo que reflita a Comunidade Dinamarquesa, respeitando a história e a tradição heráldica.”
Embora a declaração não mencione diretamente Trump, a “Comunidade Dinamarquesa” refere-se ao vínculo constitucional entre Dinamarca, Groenlândia e Ilhas Faroé.
Qual a importância da Groenlândia?
Com a maior ilha do mundo, a Groenlândia ocupa uma posição estratégica crucial para os EUA. Localizada na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa, a ilha abriga a Base Espacial Pituffik (antiga Base Aérea de Thule), importante para o sistema de defesa antimísseis americano.
Além disso, a Groenlândia possui riquezas naturais, como petróleo e gás natural. No entanto, a exploração desses recursos enfrenta resistência de povos indígenas e entraves burocráticos.
O que Trump já disse sobre a ilha?
Durante seu mandato (2017-2021), Trump propôs comprar a Groenlândia, mas autoridades dinamarquesas e da própria ilha rejeitaram a ideia. Em declarações recentes, o ex-presidente voltou a sugerir o uso da força econômica para alcançar objetivos estratégicos.
Especialistas acreditam que uma eventual incorporação da Groenlândia pelos EUA seria improvável, pois dependeria de um referendo pela independência da ilha.
Território está ameaçado pelos EUA?
O ministro francês Jean-Noël Barrot alertou para os riscos de ameaças à soberania europeia, destacando a posição autônoma da Groenlândia como parte da Dinamarca e da União Europeia.
“A UE não permitirá ataques a suas fronteiras soberanas”, afirmou Barrot em entrevista à rádio France Inter. Ele reforçou que, embora improvável uma invasão americana, o mundo vive um momento em que prevalece a lei do mais forte.
Enquanto isso, Donald Trump Jr. fez uma visita pessoal à Groenlândia, chegando a bordo do avião particular do pai, o “Trump Force One”. Questionado sobre as especulações, declarou em um podcast: “Não, eu não vou comprar a Groenlândia. Estou indo apenas por uma viagem pessoal de um dia.”