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Como os EUA lançaram quatro bombas nucleares sobre a Espanha há 59 anos

Colisão entre aviões jogou armas termonucleares em Palomares, deixando rastros de contaminação que persistem até hoje

Internacional|Do R7

Militares dos EUA recolhem destroços de aeronaves que colidiram sobre Palomares Divulgação/Centro Histórico Naval dos EUA

Em 17 de janeiro de 1966, um bombardeiro dos Estados Unidos se envolveu em um acidente aéreo e lançou quatro bombas nucleares sobre a vila de Palomares, no sul da Espanha. Quase 60 anos depois, os rastros de contaminação causados pelo incidente ainda não foram totalmente resolvidos.

O bombardeiro B-52 fazia parte da operação Chrome Dome, um programa militar dos EUA para manter aeronaves nucleares constantemente no ar como medida de dissuasão contra a União Soviética — na época, a Guerra Fria vivia seu auge.

Durante um dos voos, a aeronave colidiu com um avião-tanque a 9 mil metros de altitude. Sete dos 11 tripulantes morreram na explosão, que espalhou as quatro bombas termonucleares B28, cada uma 70 vezes mais poderosa que a bomba de Hiroshima, sobre o litoral espanhol.

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Os sistemas de segurança das bombas evitaram explosões nucleares. No entanto, duas das armas se romperam ao atingir o solo, liberando explosivos convencionais que espalharam plutônio radioativo pelo solo. Para piorar, outro dos artefatos caiu no Mar Mediterrâneo, o que fez com que os EUA iniciassem uma busca histórica.


A operação para recuperar a bomba perdida mobilizou mais de 100 mergulhadores, submarinos e caça-minas da Marinha dos EUA, em meio a tensões com navios soviéticos que rondavam a área, ameaçando capturar o artefato, segundo a ABC News.

Após dois meses e meio, a bomba foi localizada a mais de 8 quilômetros da costa e, finalmente, resgatada em abril de 1966. Em terra, os EUA removeram toneladas de solo contaminado, enviando mais de 5 mil barris de detritos radioativos para um depósito na Geórgia.


Rastros de contaminação

Apesar dos esforços iniciais, a limpeza nunca foi concluída. Décadas depois, cientistas e ativistas descobriram que ainda existiam resíduos radioativos e que cerca de 40 hectares (quase 40 campos de futebol) continuavam contaminados perto de Palomares, segundo a BBC.

“É inconcebível que um incidente como esse seja ignorado ou esquecido”, diz um relatório militar norte-americano publicado em 1975. A pressão popular e as evidências de contaminação persistente levaram os governos dos EUA e da Espanha a retomar os planos para limpar a área.


Resíduos contaminados foram recolhidos em barris e levados para os EUA após o acidente Divulgação/Administração Nacional de Segurança Nuclear do Departamento de Energia dos EUA

Em outubro de 2015, o então Secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, assinaram um acordo para finalizar a descontaminação e transferir o solo radioativo para Nevada.

Quase dez anos depois, porém, o plano permanece sem implementação plena, de acordo com a BBC.

Hoje, Palomares exibe poucas marcas visíveis do incidente — uma cerca de arame e placas de alerta cercam as áreas contaminadas, enquanto nudistas frequentam uma praia próxima sem muita preocupação.

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