Entenda por que Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza
Interrupção ocorre após a recusa do Hamas em estender a primeira fase do cessar-fogo, que expirou no sábado (1)
Internacional|Do R7

Israel anunciou neste domingo (2) a interrupção da entrada de ajuda humanitária em Gaza após terroristas do Hamas rejeitarem a extensão da primeira fase do cessar-fogo. A trégua, iniciada em 19 de janeiro, expirou no sábado (1).
A medida conta com o apoio dos Estados Unidos, segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
“Com o fim da primeira fase do acordo de reféns e diante da recusa do Hamas em aceitar o esboço do [enviado especial dos EUA, Steve] Witkoff para continuar as negociações — proposta que Israel aceitou —, o primeiro-ministro Netanyahu decidiu que, a partir desta manhã, toda a entrada de bens e suprimentos na Faixa de Gaza será interrompida”, declarou o gabinete do primeiro-ministro em nota.
Israel afirmou que não aceitará um cessar-fogo sem a libertação dos reféns e alertou que haverá “consequências adicionais” caso o grupo terrorista continue rejeitando a proposta.
Leia mais
Acusações contra o Hamas
Durante reunião de gabinete, Netanyahu acusou o Hamas de desviar a ajuda humanitária enviada a Gaza para seu próprio uso.
“O Hamas está tomando o controle de todos os suprimentos e bens enviados para a Faixa de Gaza. Ele está abusando da população de Gaza que tenta receber a ajuda, está atirando neles e transformando a ajuda humanitária em um orçamento terrorista direcionado contra nós”, declarou Netanyahu.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, afirmou que o país está disposto a negociar uma segunda fase do cessar-fogo, mas exige a libertação de mais reféns antes de avançar.
“O compromisso de fornecer essa quantidade [de suprimentos para Gaza] estava na primeira fase”, disse Sa’ar. “A primeira fase terminou, e estamos aplicando o princípio de que não há concessão sem contrapartida.”
Proposta rejeitada pelo Hamas
Israel também anunciou neste domingo a adoção do chamado “plano Witkoff”, que previa a extensão do cessar-fogo até 19 de abril. Pela proposta, metade dos reféns restantes, vivos e mortos, seriam libertados no primeiro dia do novo acordo, e os demais seriam soltos ao final do período caso um cessar-fogo permanente fosse alcançado.
“Ele [Witkoff] até definiu sua proposta como um caminho para negociações na segunda fase. Israel está pronto para isso.”, disse Netanyahu.
A cúpula terrorista do Hamas rejeitou a proposta e criticou a suspensão da entrada de ajuda humanitária, classificando-a como “uma extorsão barata, um crime de guerra e uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo”. O grupo pediu que mediadores internacionais pressionem Israel para reverter a decisão.
Sami Abu Zuhri, alto funcionário da organização terrorista, disse à Reuters que a interrupção do fornecimento de suprimentos prejudicará as negociações de cessar-fogo. “Nosso grupo não responde a pressões”, afirmou.
Situação em Gaza
Embora nenhuma das partes tenha declarado oficialmente o fim do cessar-fogo, palestinos relataram mortes em um ataque israelense em Beit Hanoun, na manhã de domingo (2). As Forças de Defesa de Israel confirmaram a ação, alegando que um drone atingiu suspeitos que estariam plantando explosivos perto das tropas israelenses.
Em entrevista coletiva em Jerusalém, Sa’ar afirmou que a decisão de interromper a entrada de ajuda humanitária foi totalmente coordenada com os Estados Unidos.
“Os americanos, é claro, aceitam nossa posição e estão cientes dela”, declarou o chanceler israelense.
Atualmente, grupos terroristas em Gaza mantêm 59 reféns, incluindo os corpos de pelo menos 35 mortos confirmados pelas Forças de Defesa de Israel. Entre os prisioneiros, dois dos 24 que se acredita estarem vivos, assim como três dos mortos, não possuem cidadania israelense.
Durante a primeira fase do cessar-fogo, 33 reféns israelenses foram libertados, sendo oito deles falecidos. Em troca, Israel soltou quase 2.000 prisioneiros palestinos, incluindo diversos condenados por terrorismo. Cinco cidadãos tailandeses mantidos reféns em Gaza também foram soltos como parte de um acordo separado.