Protesto contra a pobreza menstrual
Reprodução/Twitter @AmikaGeorgeUm projeto piloto de distribuição de produtos de higiene, especialmente absorventes, para pessoas com baixa renda será adotado em toda a Escócia, depois de um período de testes na cidade de Aberdeen.
A ONG FareShare receberá cerca de R$ 2,5 milhões do governo escocês para providenciar itens de higiene pessoal e medicamentos para aproximadamente 18 mil mulheres em todo o país.
Apenas na cidade de Aberdeen, o projeto piloto mostrou que um terço das atendidas já tiveram dificuldades de comprar esse tipo de mantimento no passado.
Em nota oficial, a secretária de Igualdade da Escócia, Angela Constance afirmou que "é inaceitável que alguém na Escócia não consiga acessar produtos sanitários".
Gillian Kynoch, diretora da FareShare na Escócia, destacou que os parceiros da organização estão trabalhando para melhorar a distribuição. "Essa é uma questão que passou despercebida por muito tempo", comentou Gillian, justificando a ação.
A FareShare foi escolhida pelo governo escocês porque a ONG já trabalha evitando o desperdício de alimentos e redestribuindo a comida.
Muitas pessoas chegavam nos centros de distribuição de alimentos perguntando por itens de higiene. A ONG utilizará a mesma rede logistíca para distribuir os absorventes e remédios para as mulheres escocesas.
Meninas deixam de ir à escola
No ano passado, uma escola de Leeds no norte da Inglaterra contratou uma ONG para investigar porque as alunas estavam faltando na escola todos os meses. O resultado da investigação foi de que as garotas tinham vergonha de ir para escola sem absorvente e mancharem o uniforme escolar.
A ONG convidada foi a Freedom4Girls que realiza um trabalho de distribução de absoventes e materiais de higiene no Quênia.
Kit que será distribuído pela Fare Share na Escócia
Reprodução/Reuters @FareShareUKEm entrevista à Rádio BBC, as estudantes contaram como elas lidam com a situação.
"Eu enrolei uma meia em volta da minha calcinha só para parar o sangramento, porque eu não queria ser zoada", disse uma delas.
Outra jovem contou que guardava segredo de sua menstruação até de sua família. A garota teve a menarca — primeira menstruação — aos 11 anos e escondeu isso até os 14 anos.
"Eu não ganhava nenhum dinheiro porque minha mãe ela era mãe solo e tinha cinco bocas para alimentar, então não sobrava muito dinheir para nos dar", relatou a menina.
Filme denunciou 'pobreza menstrual'
Uma mulher entra na loja e após pagar suas compras é parada pelo segurança que exige que ela abra sua bolsa. Dentro, ele encontra um absorvente e um desodorante. Esta é uma cena do filme 'Eu, Daniel Blake' (2016) que chocou e causou muita reflexão no Reino Unido.
A cena chamou a atenção da jovem Amika George, uma estudante de 18 anos. Inspirada pelo filme, ela convocou protestos em frente à residência oficial da primeira-ministra Theresa May, em dezembro do ano passado, exigindo o fim da "pobreza menstrual".
George criou um projeto chamado #FreePeriods (Menstruação Livre, em tradução livre), que exige que o governo do Reino Unido distribua absorventes gratuitos para as mesmas adolescentes que recebem merenda escolar do Estado.