A Anfavea, associação nacional dos fabricantes de veículos, divulgou os dados de recuperação do setor automotivo no país. As vendas avançaram 9% e a produção cresceu 15% no bimestre. Em janeiro e fevereiro, 356,2 mil unidades foram vendidas no mercado e a produção alcançou 392,9 mil unidades, melhor número desde 2021, quando o mercado estava impactado pela pandemia. Na última coletiva da Anfavea, sob a gestão de Márcio de Lima Leite, a entidade comemorou a recuperação das exportações de veículos, mas também um aumento das vendas diretas no mercado nacional. Outro ponto de preocupação é o aumento da taxa de juros, que pode prejudicar o desempenho da indústria. A Anfavea demonstrou uma preocupação com a alta dos juros para pessoa física. A Selic está fixada em 13,25% mas o custo de financiamento alto pode atrapalhar o setor. E apesar da alta, cerca de metade dos carros novos vendidos no Brasil é vendida a prazo. A Anfavea se mostrou preocupada com o viés de alta sucessivo das últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) o que pode prejudicar as vendas do setor tanto de veículos de passeio como de caminhões e ônibus. Apesar dos dados internos em crescimento, a Anfavea se mostrou mais uma vez preocupada com o crescimento das importações dos carros vindos da China. Em 2013, a título de comparação, a participação dos carros chineses no Brasil representava 4,6%, saltaram para 21,2% em 2022 e em 2024 fecharam com 27,9%, o que fez soar um sinal de alerta para a entidade que representa os fabricantes nacionais. “Essa curva precisa ser interrompida. Temos menor participação dos produtos feitos na América Latina. O Brasil começa a produzir essas tecnologias e a curva pode sofrer uma alteração mas nesse momento de transição, isso acabou prejudicando bastante nosso mercado”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. No primeiro bimestre desse ano, 75.168 unidades foram importadas e a China já representa 28% do total e Argentina 47%. Híbridos e elétricos já são quase 10% do mercado As vendas de carros híbridos e elétricos estão crescendo no país. No primeiro bimestre foram 32,7 mil unidades comercializadas, enquanto em 2024 no mesmo período foram 22,5 mil unidades. Hoje, as vendas desses veículos já representam até 10% do volume total. “O eletrificado é uma realidade crescente mas o elétrico não tem crescido como percentual, pelo contrário, veio reduzindo mas o híbrido e híbrido plugin vem crescendo. Começamos 2024 com 4 mil unidades e chegamos hoje a 6 mil unidades por mês”, analisa Leite. As exportações cresceram 54,9% no primeiro bimestre, puxado pela Colômbia, Chile e Argentina. Até mesmo o segmento de caminhões e ônibus avançou especialmente as exportações. O segmento de caminhões cresceu 10,8% nas vendas e em ônibus o avanço chegou a 50,8% em comparação com 2024. Apesar disso, o setor está estável em relação a 2023 e 2024. “É um sinal de alerta para o setor, temos apenas dois meses no início desse ano mas temos que observar de perto”, disse Eduardo Freitas, diretor da Anfavea responsável pelo segmento de caminhões e ônibus.