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Crônicas de Stoliar

A guerra dos 500 dias

O que mais me afeta é lembrar o desespero das pessoas quando o Exército russo invadiu a pequena cidade de Mariupol

Crônicas do Stoliar|Leandro Stoliar


Mariupol ficou destruída na guerra
Mariupol ficou destruída na guerra

500 dias de guerra. 500 dias! São 500 dias de bombardeios. 500 dias de mortes. 500 dias de uma tragédia humanitária que começou em fevereiro de 2022. 500 dias de uma política internacional fracassada. 500 dias que pais não veem filhos. 500 dias que milhares de pessoas não voltam para casa. 500 dias de fome, sede, angústia. 500 dias de incertezas.

Hoje a guerra na Ucrânia completa 500 dias. Poderia repetir 500 vezes que ucranianos e russos, dois povos que já foram irmãos, travam batalhas sangrentas. Os motivos, eles talvez entendam mais do que nós... Arriscaria dizer que esses "motivos" já mudaram 500 vezes de lá para cá.

Enquanto há 500 dias aqui no Brasil nada mudou, além do preço de tudo, a guerra afeta todo o mundo indiretamente. Alguns, diretamente mesmo... Mas o que mais me afeta (diretamente, claro) nessa história é lembrar quando tudo começou. O desespero das pessoas quando o Exército russo invadiu a pequena cidade de Mariupol. O medo de morrer e a angústia de nunca mais ver a família.

Em uma casamata na Ucrânia
Em uma casamata na Ucrânia

Luís Felipe e eu estávamos lá quando os mísseis começaram a atravessar os céus do leste ucraniano. Quem não morreu fugiu ou foi capturado pelos russos. Mariupol não existe mais. Virou ruína.


Conseguimos continuar nossa cobertura em Zaporizhzhia, onde fica a usina nuclear, atacada dias depois. Um mês mais tarde, a usina de Zaporizhzhia foi ocupada pelas tropas russas. Mas continuamos, com sorte, nossa jornada em Kiev.

Descemos do trem, sozinhos, no meio da linha férrea. A composição não podia parar na estação porque o local estava sob ataque russo. A capital da Ucrânia nunca foi conquistada nessa guerra. Atacada, sim. Dominada, nunca. Até agora...


Foi de um lugar alto que conseguimos entrar ao vivo no Jornal da Record e, de lá, ouvir as sirenes de alerta dos ataques, os bombardeios e os gritos de pessoas tentando se proteger. Havia mortos e feridos. O início de uma guerra é caótico. Ninguém sabe para onde ir, como se proteger. Ninguém sabe de onde vem o tiro ou o míssil.

Nunca imaginei passar por isso de verdade. Fomos os primeiros jornalistas brasileiros a chegar à Ucrânia, dez dias antes da guerra, sem saber se realmente haveria uma. Já faz 500 dias. 500! Mas ainda temos tudo bem vivo na nossa memória.


Veja uma das reportagens no início da guerra:

Imagens mostram destruição causada por ataque russo contra cidade ucraniana

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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