O amor roubado
Série de reportagens que será exibida pelo Jornal da Record mostra a atuação de quadrilha nigeriana
Crônicas do Stoliar|Do R7
Foi uma relação intensa, mas acabou. Não estou falando de nenhum namoro não... Mas é quase isso.
Estou falando de uma reportagem. Mais precisamente do assunto desta semana da série especial de reportagens que fiz com uma equipe aguerrida e entusiasmada.
Um processo de mais de 22 mil páginas caiu no meu colo e, quando isso acontece, é como se fosse um namoro mesmo. Como repórter, passo dias lendo, namorando a história, relendo página por página da investigação para entender quem são os personagens, como eles se encaixam, qual é o papel de cada um... De tanto que aprendi sobre a vida deles, para mim passa a ser algo muito pessoal. É como se eu fizesse parte dessa história e os personagens fossem próximos a mim, entende?
Mas não posso esquecer que, no caso em questão, são criminosos e fazem parte de uma história real. Mas para contar de maneira que você telespectador entenda, preciso viver a situação, encontrar os detalhes, decorar os nomes e a participação de cada um deles, encontrar maneiras de ilustrar isso e construir essa narrativa para a televisão.
Essa história é sobre uma quadrilha de nigerianos que cria perfis falsos para enganar vítimas na internet. Eles se passam por pessoas bem-sucedidas, bonitas, elegantes... Gente acima de qualquer suspeita atrás de um grande amor. Com fotos roubadas, criam os perfis, seduzem as vítimas nas redes sociais e pedem dinheiro para concretizarem o sonho de ficarem juntos no Brasil. Pode parecer bobagem, mas segundo o Ministério Público, essa quadrilha já movimentou mais de 100 milhões de reais, enganou quase 3 mil pessoas no Brasil e continua fazendo vítimas por aí...
Teve gente que deu quase 1 milhão de reais para a quadrilha, acreditando num amor que nunca existiu. Há casos de mulheres que se matam quando descobrem a decepção amorosa. É ou não é um amor roubado? Não dá para acreditar em tudo que se vê na internet.
Quando eu disse que havia acabado, me referi à minha participação nessa história. Mas a edição da série está a todo vapor e você, caro leitor, vai poder acompanhar essas reportagens durante a semana no Jornal da Record.
É um alerta. É importante. É nosso papel revelar.
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