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Blog do Heródoto

Parece, mas não é! O cacique político que manda mais que o presidente da República

Explorando a influência discreta: conheça o perfil político que exerce um poder significativo além da presidência 

Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro e Heródoto Barbeiro

Tem gente que não precisa da faixa presidencial para mandar no país.
Tem gente que não precisa da faixa presidencial para mandar no país.

Ele manda mais do que o presidente da República. É isso que se cochicha nos corredores do palácio do Poder Executivo. O político vem de uma região longínqua do Brasil, mas graças a sua habilidade de negociação, é muito influente na capital do país. A imprensa cobre seus passos, fazem entrevistas que sempre dão uma chamada na primeira página. E contribui para aumentar o número de inimigos.

A concentração do poder não está mais tão fácil para as bancadas mais numerosas de deputados paulistas e mineiros. Outros estados da federação querem maior participação nos destinos do Brasil e uma bocada cada vez maior no orçamento nacional. A chave do cofre ainda está na mão do presidente, mas para gastar, empregar apadrinhados, nomear cabos eleitorais e construir estradas que beneficiem o agronegócio é preciso o apoio do Congresso Nacional. E isso não é nada fácil e o fazedor de presidentes sabe bem disso.

Ele é uma verdadeira eminência parda. Tem um objetivo constante: quer ser presidente da República. Para isso, ora apoia um candidato, ora outro e é o verdadeiro dono de partido político. Um cacique eleitoral como tantos outros, sem ideologia definida, sem um plano de desenvolvimento para o país, apenas com o desejo de ter o poder presidencial nas mãos.

Há mais de uma década frequenta redações para espalhar notícias de seu interesse e restaurantes onde negocia o que pode arrancar de verbas federais. Por isso é procurado por governadores e prefeitos. Estes fazem fila na porta do seu gabinete. Não escapa do anedotário nacional e é constantemente chamado de “a raposa”, o terror dos galinheiros políticos, ou de “galo”, o chefe do terreiro.


A disputa pela presidência provoca uma divisão perigosa no país, e tudo o que o Brasil não precisa é de uma guerra civil. Tenta emplacar um militar na presidência, sem êxito. Mas lança a candidatura de um mineiro e ganha a eleição. Isso provoca uma rebelião do Rio de Janeiro.

Manifestações de rua terminam em pancadaria e o fazedor de presidentes teve o carro cercado pela multidão e por pouco não foi linchado. Perguntado pelo motorista o que deveria fazer no meio da massa, teria respondido: “nem tão depressa que possam pensar que estou com medo, nem tão devagar que possa parecer provocação”. Só falta sofrer um atentado e alguém tentar matá-lo com uma facada.

O senador Pinheiro Machado antecipa a sua morte. Não pode sobreviver à luta política, cavalgando de bombacha e esporeando o pequeno Partido Republicano Conservador. O senador gaúcho sofre um atentado no hotel no Rio de Janeiro, a capital da República, e morre. Logo os jornalistas reproduzem as famosas últimas frases do cacique político ao receber a facada: “Ah, canalha, pena que não seja no Senado, como Júlio César...”.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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