Roberto Sá assume Segurança do RJ com desafio de evitar naufrágio de UPPs
Novo secretário terá que lidar com a falta de recursos diante de crise financeira
Rio de Janeiro|Do R7
Após José Mariano Beltrame pedir demissão da Secretaria Estadual de Segurança Pública, Roberto Sá vai assumir a pasta nesta segunda-feira (16), durante uma reunião com o governador em exercício, Francisco Dornelles, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. O novo secretário vai enfrentar o desafio de manter o programa das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em meio à grave crise financeira que assola o Estado do Rio de Janeiro.
Beltrame anunciou que deixaria a função na última segunda (9) depois de quase dez anos no cargo. Inicialmente, o governo fluminense havia dito que o ex-secretário só deixaria o cargo após o segundo turno das eleições municipais. No entanto, o Executivo informou na terça-feira passada (10) que o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, Roberto Sá, assumiria a pasta nesta semana.
O governador licenciado do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou na quarta-feira (12) que a segurança pública é vital e que vai se dedicar para consolidar o projeto das UPPs, apesar do momento difícil.Pezão ainda afirmou que manterá a despolitização na indicação de delegados e comandantes de batalhões no Estado. Além de afirmar que o novo secretário terá autonomia, o governador elogiou o substituto de Beltrame, dizendo que Sá é preparado e conhece segurança pública como ninguém.
O novo secretário vai enfrentar a falta de recursos que tem afetado não só o pagamento de salários dos servidores como áreas fundamentais para o Estado, como saúde, educação e a própria segurança. Na última terça, o ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, também pediu exoneração. Em entrevista ao Balanço Geral RJ, Veloso disse que o problema tem atrapalhado operações e investigações, além de causar insegurança aos policiais.
— A polícia é responsável por uma imensidão de serviços. A cada ano, passam 3 milhões de pessoas pelas delegacias do Rio de Janeiro. Essa máquina que serve a sociedade precisa ser alimentada. São cerca de 200 unidades, incluindo delegacias, que precisam de insumos de diversas naturezas. Na medida em que eles são escassos, a gente precisa remanejar os recursos.
Beltrame diz que saída já estava combinada
O anúncio da saída de Beltrame também ocorre em um momento crítico para o Rio, que vive a retomada de tiroteios e uma crescente crise no programa das UPPs. O gaúcho, que concedeu entrevista ao Cidade Alerta RJ na última sexta-feira (14), afirmou que a entrega do cargo já estava combinada há muito tempo para depois dos Jogos Paralímpicos.
Ele negou que a saída tenha sido por causa da crise financeira. Disse apenas que permaneceu por mais alguns dias para instituir um curso de um ano de duração na formação dos soldados.
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Questionado sobre qual o balanço que faz dos dez à frente da Secretaria de Segurança, Beltrame afirmou que o direito de avaliar é da população. Em relação às UPPs, ele disse que acredita que o projeto deu certo.
— Eu acho que a gente tem que olhar o programa não somente com a visão policial, porque a polícia foi na frente e descortinou toda uma carência, tanto de serviços como de ordem urbana, como de utilização regular do solo, que aquelas pessoas careciam e ainda carecem. Eu sempre disse que esse não era um jogo ganho e não é um jogo ganho. Nós precisamos como um mantra estar sempre presentes e atuando. Agora eu não tenho dúvida nenhuma que a falta de recursos prejudicou não só a segurança pública como um todo, além das UPPs, mas como toda a prestação de serviços públicos do Estado.
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Relembre a carreira novo secretário de Segurança Pública do Rio
Antes de deixar a PM, Roberto Sá também atuou como instrutor do Bope (Batalhão de Operações Especiais), de 1989 a 1992. O novo secretário de Segurança é formado em Direito e pós-graduado em Administração Pública.
Na PF, esteve à frente da Delegacia de Polícia Fazendária do Estado do Acre, na região Norte do País, e participou, como chefe de Segurança Móvel, da escolta das 184 delegações estrangeiras presentes na Assembleia Geral da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), realizada no Rio, em 2006.