Sobreviventes do ebola apresentam sequelas neurológicas, diz estudo
Pesquisa mostra que problemas neurológicos vão de dor de cabeça a AVCs; foram observados transtornos psicológicos após recuperação da doença
Saúde|Deborah Giannini, do R7
Um estudo publicado recentemente na Emerging Infectious Diseases mostra que pessoas que conseguiram sobreviver ao ebola sofrem de problemas neurológicos.
As sequelas vão de dor de cabeça à Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo os pesquisadores, alguns sobreviventes são incapazes de cuidar de si mesmos.
A pesquisa foi realizada pela King's College e Universidade de Liverpool, no Reino Unido, em parceria com a Universidade da Serra Leoa.
Foram analisados 334 sobreviventes do vírus durante a epidemia da doença entre 2014 e 2016, sendo 161 mulheres e 163 homens, que provocou mais de 11.300 mortes e teve mais de 29 mil casos registrados na África Ocidental, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Entre as pessoas pesquisadas, 35 apresentaram sequelas neurológicas, sendo que 13 tinham enxaqueca, 2, derrames, 2, neuropatia periférica sensorial e 2, lesões nervosas periféricas.
Eles foram submetidos a exames neurológicos e investigação psiquiátrica. A tomografia revelou que 3 pacientes tinham atrofia cerebral e dois, AVC.
Ainda, 16 pacientes necessitaram de acompanhamento em saúde mental, sendo que 5 foram diagnosticados com transtornos psiquiátricos.
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De acordo com os pesquisadores, a maioria dos sobreviventes apresentava problemas de saúde mental concomitantes, sendo os diagnósticos psiquiátricos mais frequentes a depressão e transtorno de ansiedade generalizada.
Os pacientes mais gravemente afetados apresentaram cegueira, surdez, fraqueza focal e disfunção cognitiva, associados à incapacidade e doença mental.
Os sobreviventes ainda relataram o estigma, o luto e a perda de emprego como principais fatores de estresse que interferiram na recuperação da doença.
Doença é altamente contagiosa
O ebola – pronuncia-se ebóla – é uma doença febril hemorrágica que causa deterioração das condições gerais de saúde rapidamente. É transmitida por um vírus altamente contagioso.
O contato com secreções corporais de uma pessoa infectada – suor, saliva, sêmen, fluxo vaginal e secreções nasais – ou com superfícies e utensílios que tiveram contato com essas secreções – roupas, roupas de cama e de banho, talheres e copos – podem causar a infecção.
A doença, inclusive, continua sendo transmitido após a morte do doente. Há protocolos para sepultamento seguro ou incineração como uma das principais medidas para evitar o contágio.
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Acredita-se que a transmissão inicial do ebola no continente africano se deu por meio do consumo de carne de caça de macaco e de morcego contaminada. A carne de macaco é vendida defumada nos mercados centrais da República Democrática do Congo, que passou por epidemia este ano da doença.
A sintomas do ebola podem se manifestar em até 21 dias. Os homens, mesmo após a cura da doença, carregam o vírus no sêmen por ao menos seis meses.
Existe cura para o ebola
Os primeiros sintomas do ebola são os mesmos da dengue, malária, febre amarela, febre tifoide e muitas outras doenças: febre, dor no corpo, dor de cabeça e mal-estar. A diferença é que esse quadro evolui rapidamente para náusea, vômitos e diarreia e, eventualmente, sangramento.
O diagnóstico não pode ser obtido apenas por meio de exame clínico, é preciso um teste de sangue. Já existe uma vacina experimental que foi utilizada no Congo.
A doença é considera sistêmica, ou seja, afeta todo o organismo, provocando um desequilíbrio hidroeletrolítico, queda dos níveis de hidratação e de eletrólitos corporais, como sódio, cálcio, potássio e magnésio, principal causa de morte. Podem surgir ainda complicações no decorrer da doença, como infecções bacterianas.
Outra caraterística da doença é a deficiência na coagulação, que pode resultar em sangramentos espontâneos. Mas isso não ocorre na maioria das pessoas.
A mortalidade do ebola é de cerca de 50%. Muitos passam por ela e se curam. Não existe remédio específico para a doença. O tratamento tem o objetivo de cuidar dos sintomas, como conter a desidratação, para que o próprio corpo consiga reagir.