Aumento no preço da gasolina vai impactar inflação, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central afirmou que o reajuste no preço dos combustíveis terá impacto entre agosto e setembro
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (15) que o reajuste nos preços dos combustíveis — anunciado mais cedo pela Petrobras — vai impactar a inflação. Segundo o chefe do BC, o impacto deve ser de 0,4 ponto percentual entre os meses de agosto e setembro. "O impacto do diesel não é direto, é indireto na cadeia, mas o impacto da gasolina é direto no IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo]. A gente vai ver algumas revisões [do IPCA] com o reajuste de hoje", disse ele durante um almoço com deputados e senadores da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
Campos Neto também afirmou que o Brasil tem conseguido controlar a inflação e destacou outros países com metas mais altas de inflação e o índice descontrolado. "A meta mais alta não dá mais flexibilidade à política monetária. Ela tira a flexibilidade."
Aumento anunciado pela Petrobras
A Petrobras anunciou na manhã desta terça-feira um aumento de 16,3% no preço médio da gasolina e de 25,8% no do diesel vendidos a distribuidoras, a partir desta quarta-feira (16). De acordo com a empresa, o valor médio do litro de gasolina será elevado em R$ 0,41, de R$ 2,52 para R$ 2,93.
O aumento é o primeiro desde a extinção da política de paridade internacional dos combustíveis, em maio. Desde então, só foram apresentadas reduções no valor dos combustíveis. No ano, a variação acumulada do preço de venda da gasolina A da Petrobras às distribuidoras apresenta redução de R$ 0,15 por litro.
Já o litro do diesel foi elevado em R$ 0,78 (25,8%), de R$ 3,02 para R$ 3,80. "Considerando a mistura obrigatória de 88% de diesel A e 12% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, de R$ 3,34 a cada litro vendido na bomba", reforça a empresa.
Os reajustes dos combustíveis já eram defendidos pelos agentes do mercado há algumas semanas, devido à forte valorização do petróleo no mercado internacional. Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço da gasolina nos polos da Petrobras encontra-se defasado em R$ 0,90 (-27%), e o do diesel, em R$ 1,18 (-28%).