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Falhas e 'arrependimento': veja os principais pontos do depoimento de G. Dias na CPMI do 8 de Janeiro

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional depôs sob acusações da oposição e teve o sigilo telefônico quebrado

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Para G. Dias, as ações da PMDF 'não foram eficazes'
Para G. Dias, as ações da PMDF 'não foram eficazes'

Em depoimento que durou mais de sete horas à CPMI do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (31), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias disse que recebeu informações divergentes no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes e que houve uma "má avaliação dos fatos".

A convocação de Dias para o colegiado foi um dos principais pleitos da oposição, que defende a ideia de que houve omissão da segurança do Palácio do Planalto. Além de depor, o general também teve o sigilo telefônico quebrado.

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O depoimento dividiu a opinião dos parlamentares da comissão. Para a oposição, o militar falhou ao não mobilizar tropas que assegurassem a proteção do Palácio do Planalto. Para governistas, G. Dias — como é conhecido o general — foi sabotado por militares lotados no GSI desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Confira abaixo os principais momentos do depoimento.

Informações divergentes

Logo no início, o general afirmou ter recebido informações divergentes sobre as movimentações extremistas no dia dos protestos e disse que as ações da Polícia Militar do Distrito Federal "não foram eficazes" para conter as invasões.


O ex-ministro afirmou que viu de dentro do Palácio do Planalto o rompimento de barreiras. "Assisti ao último bloqueio da Polícia Militar ser facilmente dissolvido antes que os vândalos chegassem ao Planalto."

Essas informações divergentes me foram passadas na manhã do dia 8 de janeiro e culminaram com minha decisão e iniciativa em ir pessoalmente ver como estava a situação no Palácio do Planalto. É claro que seria radicalmente mais exigente e minucioso no detalhamento do planejamento do esquema de segurança%2C mesmo aquilo sendo responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

(Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI))

Plano Escudo

Gonçalves Dias também disse que o protocolo de ações para a defesa do Palácio do Planalto, o chamado Plano Escudo, foi acionado, mas não foi executado no dia dos ataques extremistas aos prédios da praça dos Três Poderes. "Foi planejado, mas não houve um acompanhamento de empregar mais força onde deveria ser empregada", afirmou.


O Plano Escudo envolvia diferentes órgãos de segurança do Distrito Federal e da União. Segundo Dias, como o plano estava ativo desde 6 de janeiro, ele poderia ser colocado em operação em caso de ameaças ao prédio.

O ex-ministro afirmou que, ao chegar ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro, não viu os bloqueios previstos no planejamento montados. Ele então teria questionado o general Carlos Penteado, o ex-secretário-executivo do GSI.

Perguntei a ele [general Carlos Penteado%2C ex-secretário-executivo do GSI] por que o bloqueio na frente do palácio%2C que deveria ter sido feito pela Polícia Militar do Distrito Federal%2C não havia sido montado. Aquele era o bloqueio do Plano Escudo do Planalto e tinha que estar montado.

(Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI))

Dias completou que, sem responder à questão, o general Penteado saiu para montar o bloqueio.

Relatório adulterado

O ex-ministro negou ter adulterado o relatório com a relação de nomes que receberam informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos extremistas. "Não mandei ninguém adulterar nada de nenhum documento nem retirar meu nome de relatório", afirmou. Porém, mensagens obtidas pelo R7 mostram que G. Dias pediu que o nome dele fosse retirado do documento entregue aos parlamentares.

Na conversa à qual o R7 teve acesso, o ex-ministro questiona o então diretor-adjunto da Abin, Saulo Cunha, sobre a possibilidade de excluir o nome dele do relatório que seria entregue ao senador Esperidião Amin (PP-SC), então presidente da Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso Nacional.

A troca de mensagens ocorreu em 17 de janeiro, três dias antes do envio do relatório ao Congresso. Além de pedir a retirada de seu nome, o ex-GSI se certifica de que o documento não chegou a ser compartilhado com outras pessoas e reitera a demanda pela exclusão.

Sabotagem

Questionado sobre se os militares colocados em cargos de confiança pelo governo anterior no GSI sabotaram a segurança em 8 de janeiro, o ex-ministro disse que quer acreditar que não, mas defendeu a punição de possíveis envolvidos nos atos.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), perguntou se houve sabotagem, uma vez que o Gabinete de Segurança Institucional manteve, até 8 de janeiro, quase todos os militares nomeados pelo ex-ministro que ocupava o cargo no governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno.

Eu herdei uma estrutura. Na primeira semana não deu para mudar nada. Mas eu quero acreditar que isso [sabotagem] não seja verdade. Nós temos que acreditar que as Forças Armadas são organizações de Estado%2C não de governo. Se houve algum erro%2C esse erro tem que ser apurado%2C e a pessoa tem que ser punida.

(Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI))

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