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Governo deve explicar até o dia 10 consulta para vacinar crianças 

STF deu prazo de cinco dias para explicar motivação do processo; prazo começou a correr nesta quarta, quando AGU foi notificada

Brasília|Lucas Nanini, do R7, em Brasília

A ministra Cármen Lúcia, que quer explicações sobre a consulta para vacinação infantil
A ministra Cármen Lúcia, que quer explicações sobre a consulta para vacinação infantil A ministra Cármen Lúcia, que quer explicações sobre a consulta para vacinação infantil

O governo federal tem até a próxima segunda-feira (10) para se manifestar ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a consulta pública para vacinação contra a Covid-19 em crianças com idade entre 5 e 11 anos, processo que ocorreu entre 23 de dezembro e 2 de janeiro. A decisão da ministra Cármen Lúcia, do último dia 30 de dezembro, concedeu cinco dias para que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, expliquem o que motivou a realização da consulta. O prazo começou a correr nesta quarta-feira (5), quando a AGU (Advocacia-Geral da União) recebeu oficialmente a intimação.

O mandado da ministra atende a um pedido da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), que questiona a motivação da consulta. De acordo com a entidade, o governo federal teve a intenção de “adiar a imposição de vacina à população entre 5 e 11 anos a pretexto de querer ouvir a população”.

Para Cármen Lúcia, há urgência em oferecer medidas efetivas de combate à Covid-19 também para as crianças, especialmente com a disseminação da variante Ômicron. De acordo com o painel Our World in Data, da Universidade de Oxford, que tabela dados sobre o novo coronavírus em todo o mundo, a variante era responsável por 58% dos casos de Covid no Brasil em 27 de dezembro último, data da última atualização. Para a ministra do STF, há risco evidente de dano à saúde e à vida de crianças e adolescentes e de toda a população.

A realização da consulta foi questionada por especialistas e entidades como a CNTM, que disseram que a ação poderia retardar e dificultar a vacinação de parte da população que tem dificuldade de acesso a médicos.

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Na última segunda-feira (3), o ministro da Saúde afirmou que a consulta sobre a vacinação infantil não era "referendo nem plebiscito". "O objetivo disso é fornecer aos pais informações necessárias para que eles possam tomar melhores decisões para os seus filhos. E nós estamos com os pais e com as mães." Ele declarou que a pasta pretende realizar frequentemente outros eventos do tipo "para discutir as questões do Sistema Único de Saúde".

Anvisa autoriza vacina para crianças

Caixa com doses da vacina contra Covid para crianças
Caixa com doses da vacina contra Covid para crianças Caixa com doses da vacina contra Covid para crianças

Maioria contra prescrição

A maioria dos participantes da consulta pública se manifestou contrária à exigência de prescrição médica para a imunização contra Covid-19 para crianças. A informação foi fornecida pela secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, no início da audiência pública sobre o tema realizada nesta terça-feira (4).

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A secretária disse que 99.309 pessoas haviam participado da consulta. O número é maior do que o informado pelo Ministério da Saúde na última segunda-feira, que apontava a participação de 24 mil pessoas.

"A consulta pública que abrimos em 23 de dezembro mostra o compromisso do governo federal com o amplo debate para implementação de políticas públicas, especialmente em relação a essa agenda", afirmou Rosana. Ela informou que a maior parte também quer que a vacina não seja obrigatória e que crianças com comorbidades devem ser prioridade.

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O ministro da Saúde chegou a criticar prefeitos e governadores contrários à exigência, com o argumento de que a maioria não é da área da medicina. Após a consulta, a receita médica para que crianças se vacinem contra a Covid-19 será tratada como uma recomendação.

Ministro Marcelo Queiroga, durante coletiva realizada nesta segunda-feira (3)
Ministro Marcelo Queiroga, durante coletiva realizada nesta segunda-feira (3) Ministro Marcelo Queiroga, durante coletiva realizada nesta segunda-feira (3)

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) autorizaram o uso da vacina Comirnaty, da Pfizer, em crianças de 5 a 11 anos. A imunização será feita com duas doses com um intervalo de três semanas entre elas.

O gerente-geral de medicamento da Anvisa, Gustavo Mendes, declarou que a segurança do imunizante e o número de infectados com Covid-19 nessa faixa etária foram determinantes para a aprovação.

"Quando verificamos números do Ministério da Saúde de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) em crianças menores de 11 anos, os casos associados à Covid-19 são um fator de preocupação e isso pesa na avaliação risco-benefício feito pela agência", disse Mendes.

Segundo o gerente, os casos de Covid têm sido representativos na população pediátrica. "Nós temos um perfil de segurança e reatogenecidade [capacidade de gerar efeitos adversos] positivo em relação à vacinação e temos resultados importantes de geração de anticorpos nessa população."

A dose da vacina que será aplicada nas crianças equivale a um terço da usada nos adultos. O imunizante poderá ser armazenado por dez semanas a uma temperatura de 2°C a 8°C. A vacina aplicada em pessoas acima de 12 anos pode ser guardada por quatro semanas após o descongelamento. O frasco infantil é de cor laranja, enquanto o de adulto é roxo.

Nesta quarta, o Ministério da Saúde informou que a vacinação de crianças não será obrigatória, diferentemente de todas as outras imunizações infantis previstas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Caberá aos pais ou responsáveis dar o aval para a aplicação. O intervalo entre uma aplicação e a outra será de oito semanas.

Desde que a Anvisa aprovou a imunização contra Covid para o público infantil, houve muita resistência por parte do governo federal, com falas do presidente Bolsonaro questionando a segurança do produto.

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No último dia 27, o chefe do Executivo afirmou que não vai vacinar a filha mais nova, Laura, que tem 11 anos. "Espero que não haja interferência do Judiciário porque a minha filha não vai se vacinar, [quero] deixar bem claro", afirmou, referindo-se ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Em pronunciamento no último dia 31, o presidente voltou a falar no assunto. “Também, como anunciado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendemos que as vacinas para crianças entre 5 e 11 anos sejam aplicadas somente com o consentimento dos pais e prescrição médica. A liberdade tem que ser respeitada”, afirmou.

A postura foi criticada pela sociedade científica. Anvisa e SBP autorizaram e defenderam publicamente a imunização. Outros órgãos e entidades também se manifestaram a favor da segurança da vacina em crianças, como a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que produz vacinas no Brasil.

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