‘Governo não se mete’, diz líder sobre Eduardo Bolsonaro na Comissão de Relações Exteriores
Esquerda tem articulado para impedir que comando do grupo fique com deputado; divisão é parte de acordo entre partidos
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta terça-feira (11) que o Executivo “não se mete” na discussão sobre a distribuição dos comandos das comissões permanentes da Câmara entre os partidos. A fala do parlamentar faz referência à possibilidade de a presidência da Creden (Comissão de Relações Exteriores) ficar com Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A divisão dos grupos é feita por meio de acordo entre os partidos — o PL deve ficar com a liderança do colegiado e indicar Eduardo.
“O governo não se mete em composição de comissões. É tarefa das bancadas, que resolvem de acordo com o critério da proporcionalidade. O governo acompanha. Cada bancada, cada líder vai conduzir os interesses de sua bancada com o [presidente da Câmara] Hugo Motta. O governo não vai, nem deve se meter nisso. É tarefa de lideranças partidárias”, declarou Guimarães a jornalistas, depois de reunião de líderes da base aliada do governo com a nova ministro das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
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Partidos de esquerda têm se mobilizado para evitar que o nome escolhido pelo PL seja o do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A análise é de que a proximidade de Eduardo Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode prejudicar o governo brasileiro, em meio a embates de empresários norte-americanos com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
“Existe um sentimento majoritário, de que a figura do Eduardo Bolsonaro não ajuda a consensuar a Casa, Mesmo que fique com o PL, acho que é um trabalho conjunto para que fique com outro nome do partido. Mas isso é algo também que está sendo dialogado com Hugo Motta. Há um esforço de diálogo. Composição das comissões é algo complexo”, acrescentou a líder do PSOL na Casa, Talíria Petrone (RJ).
Também nesta terça, na saída do mesmo encontro, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que tem trabalhado para impedir que o comando da Creden fique com Eduardo Bolsonaro.
“A gente acha que é um problemaço, um problema institucional para o Brasil, para o Supremo, para a Câmara. É uma situação muito grave, ele vai representar o parlamento brasileiro no mundo. Isso amplifica o espaço dele. Tem conceitos que pareciam ultrapassados, mas que voltam, [como] soberania nacional. É muito sensível. Se a Câmara entrar nessa como um todo está comprando uma grande confusão e aumentando conflitos internacionais”, avaliou Lindbergh.
Para o líder, eventual liderança do filho do ex-presidente na Creden pode piorar o relacionamento entre Legislativo e Judiciário. “Eduardo Bolsonaro como presidente pode criar situação de cada vez mais conflito do governo norte-americano com a gente, de interferência concreta em decisões do STF, reforça uma ação de constrangimento do STF e do Alexandre de Moraes. Ele assumir essa presidência é um fato muito grave, e a Câmara tem que entender, estamos vulnerabilizando o país em termos de soberania e criando um conflito enorme com o STF. Não é uma questão de PT só não, é questão da Casa”, completou.