Haddad defende juros mais baixos e prevê crescimento de 3% do PIB em 2023
Apesar da avaliação, o ministro estima que a arrecadação não vai aumentar 'nem 1%' em razão de 'meteoros' do passado
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta segunda-feira (6) a redução da taxa de juros e afirmou que ainda há "muita gordura monetária para queimar". Pelas previsões do governo, o país fechará o ano com um crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), mas "nem 1%" em arrecadação devido a "meteoros" do passado que dificultam a receita da União.
Na justificativa do que chamou de "erosão" na arrecadação, Haddad voltou a citar decisões do Judiciário tomadas em 2017 e que foram identificadas pela equipe econômica como relevantes nesse contexto. A principal foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo de PIS e Cofins. Outra é o abatimento sobre a base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ).
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O ministro ressaltou a importância de "corrigir distorções" a partir do novo marco fiscal e chamou atenção para a necessidade de criar novas despesas apenas com fonte de financiamento garantido. Ele citou incrementos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a garantia do Piso da Enfermagem como medidas meritórias, mas que não possuem fonte orçamentária suficiente.
"Não adianta achar que está fazendo o bem, criando as despesas mais meritórias do mundo, de forma insustentável. Porque depois que a conta chegar, essas coisas podem se desfazer, e o que a gente quer é consolidar as conquistas", afirmou Haddad durante um evento de um banco privado, voltado para investidores.
Juros e Banco Central
O desafio econômico de curto prazo, segundo Haddad, é "arrumar a casa". "Estamos em um momento que temos condição de fazer a economia crescer. Porque ainda temos muita gordura monetária para queimar, estamos com uma taxa [de juros] ainda de 12,25%. Depois de um ano de trabalho, caiu 1,5%. Temos espaço para continuar trabalhando com um juro civilizado no Brasil", pressionou o ministro, defendendo a continuidade da queda de juros.
Sobre o papel do Banco Central, Haddad ressaltou que a Fazenda vai "continuar trabalhando em parceria para continuar no ciclo de cortes". Durante a participação no evento, o ministro citou as recentes indicações do governo Luiz Inácio Lula da Silva para a instituição monetária e destacou a importância da articulação entre os diretores e a Esplanada.
Haddad chamou os Três Poderes a trabalhar juntos para perseguir o crescimento econômico e disse ser necessário que cada instância entenda a "repercussão de decisões". "Não falo isso para provocar, mas é preciso de parceria entre os Três Poderes. É preciso dar transparência aos números."