Oposição e governo discutem na Câmara, e Motta reage: ‘Aqui não é o jardim da infância’
Motta disse não ser ‘frouxo’ e prometeu ser mais combativo que Lira contra deputados que desrespeitarem colegas
Brasília|Do R7

Deputados federais da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de oposição discutiram nesta quarta-feira (19) no plenário da Câmara, o que forçou a sessão a ser interrompida. O comportamento dos parlamentares fez o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamar a atenção de todos, e ele prometeu recorrer ao Conselho de Ética sempre que houver desrespeito entre os deputados.
“Senhores parlamentares, eu entendo o ambiente turbulento político que o país enfrenta diante dos últimos acontecimentos, mas eu quero dizer que, se Vossas Excelências estão confundindo este presidente com uma pessoa paciente, com uma pessoa serena, com um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem”, reclamou Motta.
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No momento da confusão, Motta não estava no plenário, e a deputada federal Delegada Katarina (PSD-SE) presidia a sessão. Ela também foi interrompida durante o tumulto. Com isso, Motta voltou ao plenário para dar uma bronca nos deputados.
“Ou este plenário se dignifica a estar aqui representando o povo brasileiro, ou nós não merecemos estar aqui. Aqui não é um jardim da infância, nem muito menos um lugar para a espetacularização que denigre a imagem desta Casa”, afirmou o presidente da Câmara, prometendo ser mais combativo que o antecessor dele, Arthur Lira (PP-AL).
“Nós já tivemos aqui episódios tristes durante esses primeiros 2 anos [de legislatura]. O presidente Arthur Lira foi combativo, nós seremos um pouco mais. A Presidência assumirá a responsabilidade. Se o parlamentar aqui desrespeitar o colega, da própria Presidência vou acioná-lo no Conselho de Ética e fazer cumprir todas as medidas restritivas da Casa”, garantiu.
“E não me venham depois cobrar ou pedir para o líder cobrar uma mudança de comportamento, porque não terá, não terá. Nós não retrocederemos nisso. Nós não retrocederemos. Quem estiver aqui preocupado em agredir colega para aparecer não terá desta nossa Presidência nenhuma complacência. Nós não admitiremos isso. Nós não admitiremos isso. Ou esta Casa coloca-se no lugar que ela merece estar ou nós não merecemos aqui estar representando o povo que nos assiste neste momento envergonhado da representação que tem”, acrescentou Motta.
Segundo o parlamentar, a Câmara não é “um ringue para ficarmos aqui nos agredindo”. “Se eu sou conhecido na minha vida pública, é pela palavra que eu cumpro. Nós não retrocederemos, se necessário for, tomaremos uma medida parlamentar contra qualquer um dos senhores deputados e das senhoras deputadas federais para garantir que a ordem na Casa esteja estabelecida. Este presidente não retrocederá nesse sentido.”
A discussão
O tumulto começou quando o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), usava a tribuna para comentar a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 33 por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Em diversos momentos, deputados da oposição interromperam a fala dele. Por isso, a sessão foi suspensa por mais de uma vez. Enquanto os governistas seguravam cartazes com a expressão “sem anistia”, os deputados da oposição portavam placas em que estava escrito “anistia já”.