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R7 Brasília

Partido Novo entra na Justiça e pede que Lula pague multa por pedir votos para Boulos

Legenda também solicitou que Lula e Boulos sejam impedidos de compartilhar o discurso do presidente nas redes sociais

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília


Lula pediu votos para Boulos Ricardo Stuckert/Presidência da República - 1.5.2024

O partido Novo entrou com uma representação nesta quarta-feira (1º) no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) por suposta campanha eleitoral antecipada. Durante discurso em evento do 1º de Maio, na capital paulista, Lula pediu votos para Boulos. O petista afirmou que Boulos enfrenta uma “verdadeira guerra” e destacou que “cada pessoa que votou no Lula tem que votar no Boulos”. “Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos nas próximas eleições”, declarou. O pré-candidato, que é deputado federal, deve compor a chapa em outubro com Marta Suplicy (PT).

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O Novo solicitou à Justiça Eleitoral que Lula e Boulos paguem multa por campanha eleitoral antecipada — o valor pode variar entre R$ 5 mil e R$ 25 mil. Pela lei, a campanha começa em 15 de agosto. O partido também pediu que os políticos sejam proibidos de compartilhar o discurso do presidente pelas redes sociais. A legenda, que tem como pré-candidata à prefeitura da capital paulista Marina Helena, pede que Boulos e Lula sejam acionados e apresentem defesa em até dois dias.

O R7 entrou em contato com a campanha do pré-candidato e com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), mas não recebeu retorno até a última atualização deste texto.

Além do Novo, outros adversários de Boulos, como o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), confirmaram que também vão entrar com ação na Justiça Eleitoral contra a declaração do petista. Kataguiri acionou o MPSP (Ministério Púbico de São Paulo).


O que diz a lei

Especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo R7 afirmam que a fala é ilícita e representa uma infração, porque é propaganda eleitoral antecipada. A legislação eleitoral veda, de forma clara, o pedido explícito de voto antecipado em torno de eventual candidato.

“Houve um ilícito, foi um pedido antecipado de voto e a sanção é de multa”, explica o advogado constitucional Acácio Miranda. “É propaganda eleitoral antecipada, prevista na Lei Geral das Eleições e em resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). [A fala] pode gerar ação eleitoral e, se condenado, imposição de pagamento de multa. E a tendência pela condenação é muito grande”, completa o especialista.


O advogado também destaca que há indícios de abuso de poder político. “Se há dinheiro público [mesmo que de maneira indireta, como o uso de policiamento reforçado no evento] e há pedido explícito de voto, podemos considerar que houve também abuso de poder político. Pode haver eventual discussão, porque o dinheiro não é federal, é municipal, e o presidente está na esfera federal, mas posso cravar que os elementos do abuso do poder político estão presentes”, acrescenta.

Miranda completa que Guilherme Boulos não seria punido pela fala de Lula. “Não há sanção, porque o pedido de voto não foi feito diretamente por ele, por mais que seja o beneficiário. Não dá para imputá-lo por uma conduta de terceiro. Se fosse durante o processo eleitoral e a campanha dele tivesse um CNPJ, poderia até imputar à campanha. Mas, como não há, fica na conta da pessoa física do presidente”, argumenta.


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