PF consegue acessar dados dos celulares apreendidos do advogado Frederick Wassef
Aparelhos foram confiscados um dia após Wassef ter admitido que foi aos EUA recomprar um relógio Rolex vendido ilegalmente
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A Polícia Federal acessou nesta segunda-feira (21) os dados dos quatro celulares apreendidos do advogado Frederick Wassef, que atua na defesa da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O acesso teve que ser quebrado porque Wassef não entregou as senhas dos telefones. A informação foi confirmada pelo R7.
Na semana passada, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão contra o advogado. Os agentes apreenderam os aparelhos no fim da noite da quarta-feira (16), em um restaurante em São Paulo. A ação ocorreu um dia após Wassef ter admitido que foi aos Estados Unidos recomprar um relógio Rolex vendido ilegalmente no país.
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Em 11 de agosto, Wassef se tornou um dos alvos de uma operação de busca e apreensão da PF. Além do advogado, o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, são investigados. O rosto do general é visto no reflexo de uma foto usada para negociar esculturas recebidas como presentes oficiais.
As investigações mostram que, para recuperar o relógio, foi necessário desembolsar um valor superior ao da venda.
A apreensão dos telefones de Wassef foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na investigação sobre o desvio e a venda de presentes diplomáticos durante o governo Jair Bolsonaro, mas não havia sido cumprida. Isso porque o advogado não foi localizado na operação realizada pela PF no dia 11.
Em um primeiro momento, Wassef negou ter participado do que os investigadores chamam de "operação resgate". Em coletiva de imprensa nesta semana, no entanto, ele mudou sua versão dos fatos e admitiu ter comprado o relógio de volta, mas negou ter agido a pedido de Bolsonaro. "Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos", afirmou em entrevista.
Operação Lucas 12:2
A Operação Lucas 12:2, realizada em 11 de agosto, tem o objetivo de investigar um grupo, composto de aliados de Bolsonaro, que teria vendido joias e outros objetos de valor, como relógios e esculturas, entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais.
De acordo com a PF, eles teriam utilizado "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior".