Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Piso da enfermagem completa seis meses suspenso e sem previsão de solução

Governo estuda MP para viabilizar pagamentos, mas não tem data para publicar ato; trabalhadores farão paralisação para pressionar

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Fachada do Ministério da Saúde, em Brasília (DF)
Fachada do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) Fachada do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) (Pedro Fran�a/Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado)

O piso salarial nacional da enfermagem completa seis meses de suspensão neste sábado (4) e ainda não há uma estimativa de quando o Supremo Tribunal Federal (STF) vai autorizar a retomada da medida. O principal impasse para a liberação do piso é a indicação por parte do governo federal de onde sairão os recursos para bancar os salários.

Enquanto nada é resolvido, os profissionais contemplados pelo piso prometem fazer uma paralisação de até 24 horas na próxima sexta-feira (10) em todos os estados do país para pressionar as autoridades a solucionar a questão — o grupo chegou a sinalizar com uma greve geral por tempo indeterminado, mas mudou de ideia. A classe tem demonstrado irritação com a demora e feito reuniões constantes com membros do governo para cobrar respostas.

O piso foi instituído em 2022 a partir da aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional, posteriormente sancionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a lei, enfermeiros passam a receber um salário mínimo inicial de R$ 4.750, a ser pago em todo o país por serviços de saúde públicos e privados.

Além disso, a remuneração mínima de técnicos de enfermagem será de 70% do piso nacional dos enfermeiros (R$ 3.325), enquanto o salário inicial de auxiliares de enfermagem e parteiras corresponderá a 50% desse piso (R$ 2.375).

Publicidade

A lei foi sancionada em 4 de agosto do ano passado, mas um mês depois o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu a norma e posteriormente o plenário do STF confirmou a decisão. O piso foi congelado por pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde), que alegou que a norma poderia trazer uma série de prejuízos, como demissões em massa, fechamento de leitos por falta de pessoal e atrapalhar a organização financeira de estados e municípios.

Outro motivo que pesou para a suspensão do piso foi a falta de indicação do orçamento para viabilizar o pagamento dos salários. Só em dezembro o Congresso passou a discutir o assunto e foi promulgada uma emenda constitucional estabelecendo que recursos do superávit financeiro de fundos públicos e do Fundo Social seriam usados para financiar o piso no setor público, nas entidades filantrópicas e de prestadores de serviços, com um mínimo de atendimento de 60% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Publicidade

A alternativa encontrada pelo parlamento, no entanto, não foi suficiente para liberar o piso. Segundo Barroso, ainda falta uma lei para regulamentar as regras instituídas pela emenda constitucional.

Medida provisória deve ser a saída

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem prometido sanar essa pendência e trabalha na elaboração de uma medida provisória, ato que tem força de lei e entra em vigor assim que é publicado pelo governo. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Executivo elaborou no início do mês passado uma primeira versão do documento, mas não há previsão de quando ele será apresentado oficialmente.

Publicidade

A minuta da MP é analisada por um grupo de trabalho interministerial criado pelo governo para debater o piso da enfermagem composto por Casa Civil, Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Advocacia-Geral da União (AGU). “O presidente da República já se manifestou sobre o tema e vamos trabalhar de forma célere para concluir esse processo”, disse Nísia, durante evento do Ministério da Saúde em fevereiro.

Leia também

Um dos pontos analisados pelo governo é o impacto financeiro do piso. Diferentes estimativas já foram apresentadas, como uma do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que estima um ônus de R$ 27,5 bilhões, sendo R$15,5 bilhões para os municípios e R$12 bilhões para os estados.

Outro estudo, divulgado no ano passado por um grupo de trabalho da Câmara que analisou o piso, previu um aumento total de despesas com folha de pagamento da ordem de R$ 16,3 bilhões, considerando gastos com pessoal de instituições de saúde públicas, privadas e filantrópicas. A conta foi feita pelo hoje ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, à época deputado e relator do grupo.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.