Valor do dólar não corresponde aos números reais da economia brasileira, diz Rui Costa
Moeda norte-americana segue acima de R$ 6 desde novembro do ano passado
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta segunda-feira (20) que o valor do dólar não corresponde aos “números reais da economia brasileira” nem à “vida real” do país. A moeda norte-americana apresentou queda nesta segunda, mas segue acima dos R$ 6, como ocorre desde o fim de novembro — nesta segunda, o valor chegou a R$ 6,04. Costa lamentou que a cotação não diminua da forma rápida que a subida é percebida. A reunião ministerial desta segunda reuniu os 38 chefes de pasta federal, ocorreu na Residência Oficial do Torto e foi a primeira do ano. Depois do encontro, Costa conversou com jornalistas.
“O que a realidade vai mostrando é que o dólar vai caindo. Infelizmente, não cai na mesma velocidade que subiu, mas acredito que, com o passar dos dias, com a posse do novo presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] e os números robustos da economia brasileira, vão fazendo o dólar voltar ao patamar, eu diria, [que] tenha reflexo na vida real da economia. Porque o patamar que está não corresponde à vida real e aos números reais da economia brasileira”, declarou o ministro.
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O ministro também reforçou o compromisso fiscal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que cortes nos gastos públicos serão feitos sempre que for necessário para seguir o arcabouço fiscal. O governo federal apresentou ao Legislativo um pacote de redução de despesas em 2024, que recebeu o sinal verde dos parlamentares no fim do ano. Com a medida, o Executivo espera economizar cerca de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026.
“Isso não tem mudança. Nós vamos manter. Como eu tenho dito, o compromisso fiscal não é do ministro A ou do ministro B. O compromisso fiscal é do presidente da República, é do governo”, declarou Costa.
Moeda norte-americana
Um dos principais motivos que levaram à subida do dólar foi a desconfiança do mercado em relação ao pacote de corte de gastos do governo federal. Havia o temor de que a proposta não seja suficiente para equilibrar as contas públicas e conter o aumento das despesas do governo federal.
À época, em meio à alta da moeda, o Banco Central realizou leilões para segurar a movimentação — chegou a vender à vista US$ 8 bilhões.
Na semana passada, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou a depreciação cambial como um dos principais fatores para o estouro da meta de inflação em 2024. Em carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o economista comentou que a depreciação decorreu, principalmente, de fatores domésticos, complementada pela valorização global do dólar norte-americano
Galípolo citou, ainda, uma queda de 19,7% do real entre dezembro de 2023 a 2024. “Entretanto, o fato de o real ter sido a moeda de maior depreciação em 2024, considerando seus pares ao nível internacional e os países avançados, sugere que fatores domésticos e específicos do Brasil tiveram papel expressivo nesse movimento cambial”, escreveu.