Mario Bregieira estreia como protagonista em Neemias e almeja: ‘Sonho um dia dirigir grandes projetos como esse’
Ator, que também é cineasta e tem uma produtora há 12 anos, comenta a boa fase profissional e pessoal
Entrevista|Ana Mello, do site oficial
O sorriso largo e o brilho nos olhos de Mario Bregieira nos corredores do Complexo de Dramaturgia da Seriella Productions, no Rio de Janeiro, deixam evidente a boa fase profissional do ator de 31 anos. O artista está prestes a estrear o seu primeiro protagonista em Neemias, spin-off de A Rainha da Pérsia, de sete episódios, que será lançado no dia 30 de setembro exclusivamente no Univer Vídeo.
Formado em cinema e audiovisual, Mario até pensou em não seguir a carreira de ator, a qual começou ainda na adolescência, em Piracicaba, no interior de São Paulo. Na época, o caminho pensado por ele era cursar administração para tocar o comércio da família. No entanto, tomou coragem para seguir o seu ofício dos sonhos e está colhendo os frutos: há 12 anos dirige uma produtora e há poucos meses, em meio à intensa rotina de gravação, abriu uma locadora de equipamentos cinematográficos.
Em conversa com o R7 Entrevista, Mario se emociona diversas vezes ao falar do trabalho, da família e dos sonhos que ainda deseja realizar. Entre eles, assumir a direção de grandes projetos como Neemias. Casado com a também atriz Pérola Faria, com quem tem Joaquim, de dois anos, o ator relembra, ainda, o início do relacionamento, após se conhecerem nos bastidores da RECORD, fala sobre paternidade e detalha como concilia a vida de ator, diretor e empreendedor. Confira:
R7 — Você começou a fazer teatro ainda na adolescência, com 14 anos. Sempre quis ser ator?
Mario Bregieira: Não, na verdade, foi uma grande surpresa para mim e para os meus pais ter virado ator, porque não temos nenhum artista na família. Comecei a fazer teatro, porque um amigo do colégio viu que eu tinha muita facilidade em apresentar trabalhos na frente dos meus colegas de sala. Ele fazia teatro e me convidou para uma aula em um grupo da minha cidade, em Piracicaba [no interior de São Paulo]. Na época, eu fiz uma aula e adorei. No meu primeiro ano do curso, participei de uma peça e ali eu vi que queria fazer aquilo para o resto da vida.
R7 — Depois, você se formou em cinema e audiovisual, chegou a fazer curso de atuação em Nova York, nos Estados Unidos, e tem uma produtora há 12 anos. Como começou esse interesse pelo lado mais comercial do ofício?
Mario: Venho de uma família de comerciantes, então sempre tive essa veia empreendedora. Com 17 anos, estava decidido a fazer faculdade de administração de empresas, porque minha família tem uma loja tradicional de roupas em Piracicaba há mais de 40 anos. Mas fiz um workshop de interpretação para TV com um ex-diretor de cinema que me incentivou a seguir a carreira. Eu já tinha o registro profissional de ator e me formei em cinema para me ajudar em frente às câmeras, queria entender da produção, direção, arte, roteiro. No meio disso, criei a produtora, porque comecei a fazer muitos trabalhos freelancer como câmera em casamentos, festas de 15 anos e eventos para outras produtoras em São Paulo, no Rio de Janeiro... Era uma forma de ter uma segunda fonte de renda. Hoje, produzo e dirijo documentários e séries quando não estou atuando.
“Cresci com essa influência do meu pai, de ver uma oportunidade e empreender”
R7 — Além da produtora, você tem uma locadora. Como consegue conciliar tudo isso com o ofício de ator e, mais recentemente, um protagonista?
Mario: Eu cresci com essa influência do meu pai de ver uma oportunidade e empreender. Então, com trabalhos maiores na produtora e com a minha carreira de ator consegui juntar um dinheiro e investir numa locadora de equipamentos de cinema. Quando eu estou gravando série ou novela, não estou usando os equipamentos, e os alugo para outras produções. Gosto dessa vida agitada de locadora, produtora, de decorar texto, de estar nesse meio e em movimento. Mas na produtora tenho gestores também, eu escalo uma equipe por produção.
R7 — Você estreou na RECORD como o discípulo Marcos, em Jesus (2018). Como foi esse começo?
Mario: Fui escalado para fazer Marcos na segunda fase da novela, para substituir um ator que não pode continuar. Na época, eles tinham que colocar alguém parecido com quem estava fazendo o personagem, então fui chamado no sábado para começar a gravar na terça-feira. Só que um dia antes de ser escalado, eu raspei a cabeça e o personagem tinha um cabelo maior, igual ao que eu tinha em Reis. Quase perdi a oportunidade da minha vida, mas acabou dando certo.
R7 — Depois de Marcos, você fez o Gate em Gênesis e o Joabe em Reis. Inclusive, você é casado com a atriz Pérola Faria, que também esteve em Gênesis, como a rainha Khein. Essa história de amor nasceu no set da novela?
Mario: Sim, a gente fala que se sente meio que da família da RECORD [risos]. Nos conhecemos em Gênesis, mas na época eu estava em um relacionamento e ela também. Meses depois do término das gravações a gente começou a conversar, já estávamos solteiros, e desse dia até hoje não nos desgrudamos mais.
“Quando eu virei pai, entendi tudo que os meus pais fizeram por mim e a vida ganhou um propósito a mais"
R7 — No Dia dos Pais, você fez uma publicação nas redes sociais sobre essa nova fase da sua vida com o Joaquim e disse que agora está vivendo com um propósito a mais. Percebe essa influência na forma como você encara o seu trabalho também? Está diferente depois da paternidade?
Mario: Muito. Tudo muda. Quando eu virei pai, entendi tudo que os meus pais fizeram por mim e a vida ganhou um propósito a mais. Tudo que eu faço é para dar o melhor para o Joaquim, que é o maior presente que Deus colocou na minha vida e na da Pérola. A gente se sente muito mais feliz e dá valor para as pequenas coisas, porque ele não quer viagem, riquezas e essas coisas que parecem fúteis, só quer a nossa atenção. E isso é incrível, né? Estou muito mais maduro como pessoa, como profissional e espiritualmente também, ele deu um novo sentido para a nossa vida.
“Estou aqui por um propósito maior, de fazer o que eu amo, que é o meu trabalho, e também de levar a palavra de Deus através da arte para a casa das pessoas”
R7 — Durante as gravações de Neemias você ficou no Rio e a família continuou em São Paulo. Como foi administrar essa distância? O fato de a Pérola ser atriz ajuda de alguma forma?
Mario: A distância é sempre difícil, porque o Joaquim está com dois anos, então de uma semana para outra ele aprende muita coisa. Eu ficava 15 dias no Rio gravando e voltava no final de semana para vê-los em São Paulo. Então, não vou mentir, o coração apertava. A saudade batia, mas eu estou aqui por um propósito maior, de fazer o que eu amo, que é o meu trabalho e também de levar a palavra de Deus através da arte para a casa das pessoas. A gente fazia ligação de vídeo todo dia, meus pais são nossos vizinhos em Piracicaba e ajudaram muito. Mas penso em um próximo trabalho em trazer a Pérola e o Joaquim para o Rio, para ficarmos juntos, porque isso é o mais importante e sentimos falta.
R7 — Apesar de terem participado da mesma produção, Gênesis, você e Pérola nunca contracenaram juntos. Sonham com isso, talvez viver uma família na ficção?
Mario: Sim, a gente fala sobre isso. Acho que seria interessante. Ela é uma ótima atriz, super profissional. Eu lembro de a assistir, criança, na televisão e nem sonhava em ser ator ainda, mas já a admirava muito. Seria maravilhoso ter a oportunidade de contracenarmos em uma mesma produção, porque é o que a gente ama fazer e juntos seria incrível.
"Recebi o convite de Neemias sabendo que ele estaria no final de A Rainha da Pérsia e iria para um spin-off. Me apaixonei pelo personagem na primeira leitura”
R7 — Você vai estrear o seu primeiro protagonista em Neemias. Como recebeu esse convite? Já sabia que esse personagem ia ganhar um spin-off quando participou de A Rainha da Pérsia?
Mario: Recebi o convite de Neemias sabendo que ele estaria no final de A Rainha da Pérsia e iria para um spin-off. Quando fui sondado, pesquisei sobre a história dele e me apaixonei pelo personagem na primeira leitura. Recebi a confirmação de que eu o interpretaria e fiquei muito feliz, porque senti no meu coração que precisaria ter um produto audiovisual falando dessa história que é tão linda. Sou muito grato a todas as oportunidades que eu tive. Comecei [a carreira na televisão] na RECORD e, por mim, eu terminaria aqui também [risos]. Eu amo o clima familiar entre todos os funcionários dos estúdios, realmente me sinto em casa. Conheci minha esposa aqui, hoje a gente tem o Joaquim, que é o amor da nossa vida, então sou muito agradecido a tudo que a RECORD me proporcionou.
R7 — Depois do sucesso de A Rainha da Pérsia, o que o público pode esperar dessa nova superprodução?
Mario: A Rainha da Pérsia entregou um nível muito alto de qualidade e as pessoas podem esperar a mesma dedicação e carinho em Neemias. O público vai aprender e gostar muito da série, porque é uma história de resiliência, fé, amor, fidelidade e reconstrução.
R7 — Durante a preparação para Neemias, você e o elenco participaram de uma vivência proposta pelo diretor Felipe Cunha, de construção de um muro, assim como aconteceu com os personagens em Jerusalém. Como foi essa experiência?
Mario: Foi incrível, a gente passou um dia inteiro construindo um muro, montando tenda, fazendo comida na fogueira, como era naquela época, com o cansaço, o suor... Quando a gente vive algo, tem uma ferramenta a mais para usar na atuação. Então, tiveram cenas em que os personagens estão muito cansados, exaustos, dias e dias trabalhando, fazendo vigia à noite e a gente usa toda aquela vivência proporcionada pelo Felipe na hora de gravar. E eu me emociono falando também, porque eu lembro que foi muito especial esse início, fortalece a gente até hoje, com essa união que começou lá na preparação, quando nem nos conhecíamos direito. Foi um dos primeiros contatos que a equipe teve e a intimidade que a gente tem, a parceria no set e até fora dele é muito forte, é uma irmandade muito grande e foi construída nessa vivência, para além do muro.
“Entro no set como eu entrava naquele primeiro dia, para dar o meu melhor e me sentindo realizado”
R7 — E como está a expectativa para viver um personagem desse tamanho?
Mario: Às vezes, a ficha ainda não cai. Entrei [na RECORD] para fazer uma participação e o sonho da minha vida era fazer novela, lembro que me sentia em um parque de diversões e só tinha uma fala, duas. Hoje, tenho páginas e mais páginas de texto e é lógico que aquele ator de 2018, quando comecei aqui, é diferente de quem sou hoje, muito mais maduro e preparado. Mas eu entro no set como eu entrava naquele primeiro dia, para dar o meu melhor e me sentindo realizado. Então, não tem diferença, todo personagem é importante. Uns mais emblemáticos, outros menos, mas todos têm uma mensagem para levar para o público.
R7 — Mas o protagonista também tem o peso de ditar o ritmo da trama, sobretudo nos bastidores. Como você encara essa responsabilidade? Está sendo diferente de outros papéis?
Mario: Inevitavelmente, a equipe segue muito a energia do protagonista, eu senti isso. Querendo ou não, a gente acaba se tornando uma espécie de líder nos bastidores. Mas desde o meu primeiro trabalho [na RECORD], eu coloquei na minha cabeça que era a realização de um sonho, então, sempre tive esse pensamento e nesse trabalho não foi diferente. Acho que não só eu, como outras pessoas do elenco que estão aqui há mais tempo acabam se tornando uma liderança e a nossa energia nos bastidores foi muito boa, todo mundo estava muito unido, torcendo pelo bem do projeto.
R7 — O Neemias é um personagem com uma fé inabalável e uma força de vontade para realizar o que ele acredita. Como você descreveria Neemias nessa nova fase? Ele tem algo de semelhante com o Mario?
Mario: Neemias tem essa fé, é movido pela força de vontade e pelo sonho de reconstruir Jerusalém como uma nação. É um personagem muito humano. A gente vai ver durante os sete episódios que ele se torna um grande líder. Eu me identifico com ele, porque saí do interior de São Paulo, muitas vezes desacreditado, até por mim mesmo, mas com a fé de que eu tinha um propósito. Tenho esse senso de liderança, sempre gostei de ser líder e não chefe, até na minha produtora e na locadora. Gosto de dar exemplo para as pessoas e acho que tenho uma empatia parecida com a de Neemias, de sentir a dor do outro.
R7 — Na série, você repete a parceria com alguns atores de A Rainha da Pérsia e é dirigido pelo Felipe Cunha, que atuou em Reis, O Pecado, assim como você. Como é essa parceria?
Mario: O elenco inteiro é formado por pessoas maravilhosas, a gente se divertiu muito. E eu acho que a pré-produção ajudou muito, com a vivência proposta pelo Felipe [Cunha]. Ele foi meu colega de trabalho em Reis, como o Profeta Natan. Já sabia que tinha uma produtora e que dirigia, sempre o admirei muito por isso, porque o via como um espelho para mim, pensava ‘um dia eu quero ser igual a ele’. Quando fiquei sabendo que ele ia dirigir Neemias, fiquei muito feliz e a nossa parceria começou ali. Felipe é um diretor diferenciado, faz uns planos [de imagem] que eu nunca pensaria em fazer. Fico me imaginando dirigindo e admirado com as ideias dele, é muito poético. Aprendo muito com ele e é uma boa parceria.
“Um dos meus sonhos é um dia poder dirigir grandes projetos como esse [Neemias]”
R7 — E você também dirige. Tem planos de conciliar cada vez mais a direção com a atuação? Quais são os próximos sonhos e planos na carreira?
Mario: Com certeza, um dos meus sonhos é um dia poder dirigir grandes projetos como esse. Eu comecei a faculdade [em cinema e audiovisual] para ajudar na atuação, mas hoje eu também trabalho com direção e gosto tanto quanto. Então, sonho um dia dirigir uma grande produção, de repente aqui [na RECORD], ganhar prêmios como ator e diretor, continuar fazendo personagens incríveis como Neemias.
“Estou com uma fé muito mais forte depois desse trabalho e a minha vida como um todo também. Não tem como fazer um personagem como esse e sair do mesmo jeito que entrei”
R7 — Depois de uma trama inspiradora como essa, o que fica como aprendizado para o Mario?
Mario: Eu estou muito feliz, muito emocionado com esse momento. Estou com uma fé muito mais forte depois desse trabalho e a minha vida como um todo também. Não tem como fazer um personagem como esse e sair do mesmo jeito que entrei. Saio resiliente, com uma empatia maior e uma pessoa melhor em todos os sentidos.
R7 — Para encerrar, você se emocionou em diversos momentos dessa entrevista... quais foram os sentimentos?
Mario: Passa um filme na cabeça, do Mario com 14 anos sonhando em estar aqui e hoje dar essa entrevista, lembrando de tudo. Estou me sentindo realizado e ansioso pelo que está por vir.