Como Yoon Suk Yeol se tornou o primeiro presidente da Coreia do Sul a ser preso
Yoon Suk Yeol decretou lei marcial e tentou prender parlamentares antes de ser afastado da presidência
Internacional|Do R7

Nesta quarta-feira (15), o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi preso e oficialmente afastado do cargo, tornando-se o primeiro presidente sul-coreano a ser detido. Após a decisão, Yoon publicou uma carta manuscrita em suas redes sociais afirmando que “a lei marcial não é um crime”.
“A lei marcial é um exercício da autoridade presidencial para superar uma crise nacional”, declarou Yoon. A operação que resultou na sua prisão durou cerca de seis horas, e apoiadores do presidente tentaram impedir sua detenção.
Como tudo começou
A prisão de Yoon ocorreu após ele decretar lei marcial no início de dezembro, em uma tentativa de prender parlamentares que se opuseram ao seu governo. No dia 3 de dezembro, ele ordenou o envio de tropas ao prédio do parlamento em Seul, com o objetivo de fechar a Assembleia Nacional. A decisão foi revogada pelo próprio parlamento, que votou pelo impeachment do presidente 11 dias depois.
O decreto de lei marcial restringiu temporariamente os direitos civis e gerou críticas nacionais e internacionais.
Ao anunciar a lei marcial, Yoon afirmou que sua decisão tinha como objetivo proteger o país de ameaças externas. “Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas”, disse.
O plano de Yoon falhou, e a medida foi rejeitada pelos deputados.
O que diz a defesa de Yoon
Na Coreia do Sul, presidentes eleitos possuem imunidade contra processos legais, exceto em casos de insurreição ou traição. Como Yoon foi acusado de insurreição, ele pode ser investigado e preso.
Os advogados do presidente alegam, no entanto, que as tentativas de detenção são ilegais, argumentando que a lei sul-coreana não autoriza a agência anticorrupção (CIO) a investigar acusações de insurreição. Apesar disso, o CIO afirma que tem autoridade para investigar altos funcionários por crimes como abuso de poder e corrupção.
O que acontece agora?
Segundo nota oficial do CIO, as autoridades planejam interrogar Yoon com base em cerca de 200 perguntas. O interrogatório deve durar até 48 horas e, até lá, ele permanecerá sob custódia no Centro de Detenção de Seul, em Uiwang.
Independentemente do resultado da investigação, Yoon não retornará automaticamente ao cargo. O ministro das Finanças, Choi Sang-mok, atua como presidente interino.
Yoon pode voltar a ser presidente?
O destino de Yoon está nas mãos do Tribunal Constitucional, que iniciou as audiências sobre o caso nesta semana, sem a presença do ex-presidente. Caso o tribunal decida a favor de Yoon, ele poderá retomar a presidência e concluir seu mandato, que termina em 2027. Caso contrário, ele será removido do cargo e novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em até dois meses.
Essa não é a primeira vez que o Tribunal Constitucional avalia casos de impeachment. Em 2004, rejeitou a destituição de Roh Moo-hyun, acusado de propaganda eleitoral ilegal. Já em 2017, confirmou a remoção da presidente Park Geun-hye, envolvida em escândalos de corrupção.
A tentativa de golpe impactou negativamente a aprovação de Yoon, que despencou para 64% de rejeição, segundo pesquisa da Gallup Korea divulgada em 10 de janeiro. Por outro lado, o partido conservador de Yoon viu sua popularidade subir, alcançando 34% — o maior índice desde julho.