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‘Queria ganhar dinheiro’: chineses capturados pela Ucrânia contam como chegaram à Rússia

Soldados chineses disseram que assinaram contratos voluntariamente, sem envolvimento de Pequim no conflito

Internacional|Do R7

Wang Guangjun revelou que esteve na linha de frente por apenas três dias antes de ser capturado
Wang Guangjun revelou que esteve na linha de frente por apenas três dias antes de ser capturado Divulgação/Ministério da Defesa da Ucrânia

Dois cidadãos chineses capturados pelas forças da Ucrânia enquanto lutavam nas trincheiras russas afirmaram que foram enganados por promessas falsas de altos salários e oportunidades de trabalho no exterior.

Em entrevista coletiva realizada na segunda-feira (14) pelo governo ucraniano, os dois chineses criticaram duramente Moscou por explorar combatentes estrangeiros e disseram esperar retornar à China por meio de uma troca de prisioneiros.

Zhang Renbo e Wang Guangjun, ambos nascidos na década de 1990, são os primeiros chineses confirmados como combatentes capturados ao lado das forças russas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já havia mencionado a presença de “várias centenas” de chineses lutando pela Rússia.

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Segundo Wang, ele perdeu o emprego no ano passado e foi atraído por um anúncio no TikTok que oferecia uma vaga no exército russo com salário acima da média chinesa. O recrutador teria prometido cobrir custos de viagem e documentação. Ao chegar à Rússia, no entanto, teve seu telefone e cartão bancário confiscados e ficou sem acesso ao salário prometido ou contato com a família. “Tudo o que ouvimos dos russos era mentira”, afirmou.


Zhang relatou uma experiência semelhante. Ele viajou com a expectativa de trabalhar na construção civil, mas também acabou sendo enviado à linha de frente. “Eu queria ganhar dinheiro, mas não esperava acabar em uma guerra”, disse. Segundo ele, a primeira vez que viu um soldado ucraniano foi no momento em que foi capturado.

Ambos afirmaram que assinaram contratos voluntariamente, sem envolvimento do governo chinês. Também disseram não ter matado ninguém durante o breve tempo que passaram no combate.


Wang revelou que esteve na linha de frente por apenas três dias antes de ser capturado e elogiou o tratamento recebido pelos ucranianos. Ele relatou, inclusive, que soldados o abrigaram durante um ataque com gás lançado pelas forças russas.

Durante a coletiva, os dois chineses fizeram apelos para que outros cidadãos de seu país não se envolvam na guerra. “É melhor não participar de guerras. A guerra real é completamente diferente do que vemos em filmes e na TV”, disse Wang.


Os capturados também reconheceram que podem enfrentar punições ao retornar à China, já que o governo chinês emitiu alertas contra viagens a zonas de conflito e proíbe seus cidadãos de integrarem forças armadas estrangeiras.

“Entendo que pode haver punição. Mas ainda quero voltar para casa e para minha família”, afirmou Zhang.

A Rússia tem intensificado o recrutamento de estrangeiros para reforçar a presença militar na Ucrânia. Segundo autoridades norte-americanas, combatentes têm se alistado em países como Índia, Nepal, Síria e Coreia do Norte — onde, segundo estimativas, até 14 mil soldados teriam sido enviados à Rússia. Moscou e Pyongyang, no entanto, negam as acusações.

Wang relatou ainda que passou por um campo de treinamento militar com outros estrangeiros vindos da Ásia Central, Gana e Iraque. Segundo ele, a comunicação com os comandantes russos era precária e muitas vezes se limitava a gestos.

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