Promotores sul-coreanos recebem pedido para acusar presidente afastado de insurreição
Yoon Suk Yeol é acusado de motim, abuso de poder e obstrução do parlamento após declarar lei marcial em dezembro
Internacional|Do R7

Nesta quinta-feira, 23, autoridades da Coreia do Sul solicitaram que promotores indiciem o presidente afastado Yoon Suk Yeol, atualmente preso, por insurreição, abuso de poder e obstrução do parlamento devido à imposição da lei marcial no mês passado.
De acordo com a Associated Press (AP), o Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários (CIO) afirmou que Yoon organizou um “motim” e tentou subverter a constituição ao declarar lei marcial em dezembro de 2024. Ele teria mobilizado tropas e policiais para isolar a Assembleia Nacional e imposto restrições aos direitos civis, incluindo o fechamento do parlamento. No entanto, a medida foi revogada poucas horas depois.
Logo após a declaração de lei marcial, a assembleia aprovou o impeachment de Yoon, suspendendo seus poderes presidenciais. Agora, cabe ao Tribunal Constitucional decidir se ele será formalmente destituído do cargo ou reintegrado.
Questionado sobre a justificativa para declarar a lei marcial, Yoon afirmou que suas ações tinham como objetivo enviar um alerta ao parlamento, que, segundo ele, estaria sendo controlado pela oposição e bloqueando sua agenda.
A defesa de Yoon, por sua vez, acusou o CIO de tentar humilhá-lo para forçá-lo a cooperar com as investigações, além de violar seus direitos humanos ao impedi-lo de contatar familiares. Desde sua prisão, Yoon tem se recusado a prestar depoimentos, alegando seu direito ao silêncio.
Durante uma audiência na última terça-feira, 21, o ex-presidente declarou que sempre teve “um firme compromisso com a democracia livre”. Caso sua prisão seja mantida, ele poderá permanecer sob custódia por meses.
A detenção de Yoon gerou protestos no Tribunal Distrital Ocidental de Seul, onde dezenas de apoiadores destruíram portas e janelas. Armados com cadeiras de plástico e escudos arrancados dos policiais, alguns invadiram os corredores do tribunal, lançaram objetos e acionaram extintores de incêndio.
Os advogados de Yoon argumentam que sua detenção é desnecessária, pois ele não representa risco de fuga ou destruição de evidências. Já os investigadores alegam que ele ignorou diversas convocações para depor e que, em 3 de dezembro, sua equipe de segurança presidencial frustrou uma tentativa de detenção.
A crise teve início quando, na tentativa de romper um impasse com o parlamento, Yoon declarou lei marcial e enviou tropas para a Assembleia Nacional. Horas depois, os congressistas conseguiram revogar a medida. Em 14 de dezembro, o parlamento aprovou o impeachment do presidente, que agora aguarda julgamento na Corte Constitucional.