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Tradicional feira de flores e plantas do Brasil prevê crescimento de 8% nas vendas

Todos os anos, a Cooperativa Veiling Holambra desenvolve novos produtos e inova no segmento

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

29ª edição do Veiling Market Foto : Arquivo pessoal

Quando a gente faz o que ama, nem parece trabalho. É muito gratificante conhecer pessoas desse mundão do Agro e perceber que temos muitas coisas em comum.

Estive na abertura da 29ª edição da Veiling Market, em Santo Antônio da Posse, interior de São Paulo. A feira de negócios reúne 160 produtores de plantas e flores. Com cada um com quem conversei, percebi uma paixão e um otimismo sem igual para o futuro.

A partir de hoje, vou contar um case da feira: sobre melhoramento genético, como funciona uma operação logística, qual é a flor resistente ao Sol e que suporta essa onda de calor que enfrentamos, e as plantas para pets, que têm embalagem biodegradável e são um sucesso na Holanda.

Confira abaixo o meu bate-papo com Jorge Possato Teixeira, CEO da Cooperativa Veiling Holambra.


Jorge Possato Teixeira, CEO da Cooperativa Veiling Holambra Foto: Arquivo pessoal

Mundo Agro: São 29 anos de Veilling Market. Qual a importância para o setor?

Jorge Possato Teixeira: A feira em si tem o foco principal em negócios, obviamente. Segundo, é aproximar e criar uma conexão entre produtores e mercado, no sentido de estabelecer uma interação. O produtor precisa saber como está o mercado, e o mercado precisa entender como é a produção.


Mundo Agro: Eu já conferi algumas das novidades dessa edição. Fiquei encantada com a genética importada usada nas flores, com as plantas para pets, com flores mais resistentes ao sol e todo o trabalho de logística oferecido para levar o melhor produto até o consumidor. Tudo isso é fruto do trabalho de todos vocês da cooperativa. Como funciona tudo isso?

Jorge Possato Teixeira: Temos mais ou menos 20 produtos que estão na bancada de produtores, que já decidiram que esse produto ou vai, ou já está indo para o mercado de alguma forma. E de onde vem a ideia de produzir isso? Vem daqui. A gente discute com nosso núcleo de tendência, verifica se o produto realmente está alinhado com as expectativas de consumo e com a mudança de comportamento dos consumidores.


Então, tudo isso é para ajudar o mercado a se profissionalizar. E, obviamente, o cliente também quer essa orientação, porque é ele quem vai vender o produto na ponta. E como ele se prepara para lançar uma novidade dessa? Ele precisa preparar o cliente dele, que está na ponta: o consumidor, a loja, o garden center, o supermercado, que de alguma forma receberá esses produtos no futuro. O objetivo total é essa integração entre todos os elos da cadeia.

Mundo Agro: Qual a estimativa de negócios nesses dois dias de feira?

Jorge Possato Teixeira: A gente tem um sonho. E é bom ter sonhos, porque são diferentes de expectativas. O sonho é que os produtores saiam daqui com tudo vendido, principalmente para os próximos dias. Mas, obviamente, a feira está muito próxima do Dia das Mães, então o que a gente espera é que os principais produtos, que irão para o ponto de venda no Dia das Mães e no Dia dos Namorados, sejam negociados aqui.

Pelo que conversamos com clientes e produtores, as negociações estão fluindo muito bem, e estimamos um crescimento de 7% a 8% nos negócios este ano, se comparado com o ano passado. Então, essa é a previsão de crescimento.

Mundo Agro: O que é desafiador neste momento, tanto para o produtor quanto para quem vende?

Jorge Possato Teixeira: O número um é a mão de obra. Indiscutivelmente, é a mão de obra. Há dificuldade em reter e contratar pessoas, tanto na produção, que emprega muitas pessoas por metro quadrado (10 pessoas por hectare), o que gera alta empregabilidade, mas com tremenda dificuldade de encontrar essas pessoas no campo. Muitos produtores optaram por produzir produtos mais fáceis de manusear e tiveram que retirar da linha aqueles que demandam mais mão de obra. A ponta está sofrendo muito.

Conversei com alguns clientes da região Sul, e a rotatividade no supermercado, por exemplo, está acima de 40%. Isso é absurdo. Eu diria que esse é um grande desafio que precisamos pensar juntos sobre como administrar e resolver. O segundo ponto são os picos de calor. Eu nem atribuiria isso à mudança climática, não sei se isso é uma mudança, mas estamos vendo picos de calor ocorrendo em épocas do ano que estão diretamente influenciando a produção. No ano passado, isso aconteceu fortemente, com picos de calor que impediram os produtores de entregar os volumes planejados. Mas, claro, isso é algo que podemos resolver.

Mundo Agro: A mudança climática é um item que preocupa vocês?

Jorge Possato Teixeira: Daqui a cinco anos, os produtores estarão com estufas maiores, mais altas, e com uma estrutura de tecnologia e controle de clima melhor. Isso se resolve.

Mundo Agro: A inflação é um desafio para vocês?

Jorge Possato Teixeira: A inflação reduz um pouco o poder de compra do brasileiro, e isso pode impactar as vendas dos nossos produtos.

Mundo Agro: Como a Inteligência Artificial está no segmento?

Jorge Possato Teixeira: A IA está sendo usada como tecnologia para a escolha de variedades. Os breeders - empresas que fazem os melhoramentos genéticos - já estão utilizando tecnologias para mapear no laboratório as variedades que apresentam alguma deficiência, seja de produção ou até de capacidade de produção em determinadas regiões. No restante, eu diria que a inteligência artificial já está aí. Só precisamos entender como ela se aplica ao nosso negócio, às nossas tecnologias de vendas, ao mercado, à ponta e assim por diante. Então, temos que conviver com ela e aproveitar o que ela tem de melhor.

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