Após medidas, Haddad diz que queda do dólar e ‘supersafra’ devem conter preço da comida
Nessa quinta, governo anunciou que vai zerar taxas de importação de alimentos como carnes e azeite para conter alta
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (7) acreditar que o preço dos alimentos no Brasil deve cair com a queda do dólar e a “supersafra” esperada para este ano. A fala ocorre um dia depois de o governo federal anunciar seis medidas para tentar conter a alta do custo da comida — entre elas, zerar o imposto de importação de itens como carnes, café e azeite. A moeda norte-americana fechou esta sexta em R$ 5,79, alta de 0,57%.
“Acredito que uma série de produtos mais caros hoje vão ter preços reduzidos com a entrada da safra, que vai ser muito expressiva este ano. Tudo indica que vai ser uma supersafra, ao contrário do ano passado, que não foi tão boa, e do mesmo jeito do ano retrasado, que foi ótima e tivemos redução do preço dos alimentos em 2023. E por aí vai”, destacou Haddad no Flow Podcast.
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Segundo o ministro, os resultados de 2024 não foram positivos devido ao clima, com inundações no Rio Grande do Sul e seca no Centro-Oeste. “Tem problema com milho, galinha come milho, [então] frango ficou caro e ovo ficou caro. Acredito que a entrada da safra vai ajudar, a redução do preço do dólar vai ajudar, então são coisas que penso que vão ajudar”, completou.
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Nessa quinta-feira (6), o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou que o governo federal vai zerar a tarifa de importação sobre itens como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva para conter a inflação dos alimentos.
Além disso, a gestão do presidente Lula pediu aos estados que deixem de cobrar impostos sobre itens da cesta básica, que já são livres de taxas federais pela reforma tributária, com implementação a partir de 2027. A expectativa é que as alíquotas de importação sejam zeradas nos próximos dias (leia mais abaixo).
As alterações nas taxas fazem parte de um pacote de seis medidas (veja mais abaixo), discutido ao longo dos últimos meses pelo governo federal. Os últimos ajustes foram definidos nessa quinta, ao longo de ao menos três reuniões. Lula participou de um desses encontros, com ministros de governo. Em seguida, o presidente deixou a discussão, que passou a ser comandada pelo vice-presidente.
O anúncio das seis medidas foi feito por Alckmin e por chefes de pastas federais, ao lado de representantes do setor de alimentos. Segundo Alckmin, as medidas referentes às alíquotas passam a valer a partir de determinação da Camex (Câmara de Comércio Exterior), ligada ao MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), pasta chefiada pelo vice-presidente. A implementação deve ocorrer nos próximos dias.
“[A mudança] precisa ser aprovada pelo Gecex (Comitê-Executivo de Gestão da Camex). É difícil marcar uma data, mas é questão de dias. A gente recebendo a nota técnica dos setores e dos ministérios, em poucos dias entrará em vigor”, explicou Alckmin.
Alguns produtos que terão a alíquota de importação zerada são:
- Café (taxa de 9% hoje);
- Carnes (taxa de até 10,8% hoje);
- Açúcar (taxa de até 14% hoje);
- Milho (taxa de 7,2% hoje);
- Óleo de girassol (taxa de até 9% hoje);
- Azeite de oliva (taxa de 9% hoje);
- Sardinha (taxa de 32% hoje);
- Biscoitos (taxa de 16,2% hoje); e
- Massas alimentícias (macarrão) (taxa de 14,4% hoje).
Outras medidas
Além de zerar as alíquotas de importação, o governo federal anunciou outras cinco medidas para tentar frear a alta do preço da comida. Confira:
- Questão regulatória: ampliação do Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos e Insumos Agropecuários) para mais municípios, para leite, mel e ovos. Segundo Alckmin, é um sistema sanitário e municipalizado. O objetivo é passar de pouco mais de 300 para 1.500 cidades. “Vai trazer mais competitividade, com redução de custos”, explicou o vice-presidente. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que, desde o ano passado, Lula pede a intensificação do sistema pelo país. “Quando a gente universaliza, a gente permite que frango caipira, produtos lácteos, por exemplo, e da agricultura familiar, principalmente, ganhem competitividade, porque podem ser vendidos no Brasil inteiro”, acrescentou o ministro;
- Plano Safra, com “estímulo e prioridade para a cesta básica”, declarou Alckmin;
- Fortalecer os estoques reguladores da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento);
- Publicidade dos melhores preços, feita em parceria entre governo federal e setor privado. “Para estimular a disputa e favorecer e ajudar o consumidor”, acrescentou o vice-presidente;
- Pedir aos estados que zerem os itens da cesta básica. “O pleito será levado aos governadores: o governo federal zerou os tributos sobre a cesta básica, mas alguns estados, em alguns produtos, ainda tributam o ICMS (taxa estadual). Então fica o apelo para que os estados zerem o ICMS”, solicitou Alckmin.