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Equipe de transição se reúne nesta segunda com diretores da Petrobras

Encontro está marcado para 14h, de forma virtual; integrantes da transição vão pedir suspensão de medidas com caráter estrutural 

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Logotipo da Petrobras, em escritório da empresa, em São Paulo
Logotipo da Petrobras, em escritório da empresa, em São Paulo

Integrantes do grupo técnico de Minas e Energia da equipe de transição, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) e o professor Maurício Tolmasquim vão se reunir, nesta segunda-feira (28), com a diretoria da Petrobras. O encontro será realizado de forma virtual, às 14h, e vai contar com a presença do presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, e demais representantes da estatal.

Jean Paul Prates informou, na última terça-feira (22), que o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, determinou a suspensão de qualquer medida de caráter estrutural e estratégica na pasta até a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023.

"O ministro, além de ter sido extremamente receptivo e cooperativo, nos informou que tomou a decisão de sustar ou suspender qualquer decisão de caráter estrutural ou estratégico, dentro do ministério, até a mudança de governo", disse Prates.

O grupo técnico, no entanto, queria que a medida se estendesse até a Petrobras. O ministro, por sua vez, teria argumentado que a empresa, de sociedade mista, tem diferentes procedimentos, e a solicitação deveria ser feita para a própria companhia. Prates, então, disse que ia solicitar a mesma medida para a estatal.


O senador citou ainda que a Petrobras tem realizado venda de ativos, medida criticada por Lula. "Não quer dizer que necessariamente não haja venda de ativos no futuro, mas isso é uma reavaliação que vai caber, com muita parcimônia, tempo e tranquilidade, à nova gestão. Agora, ele [ministro] mesmo fez uma ressalva de que a Petrobras tem procedimentos específicos", disse.

Política de preços da Petrobras

Prates afirmou na última quinta-feira (24) que a política de preços adotada pela Petrobras não é da estatal, mas sim do governo. Segundo ele, o presidente eleito poderá adotar algum "colchão de amortecimento" para que o preço pago pelo consumidor nos combustíveis seja menor.


O senador não deu detalhes de como a medida seria na prática, mas negou que vá haver controle de preços. "Essa política de preços não é da Petrobras. A política de preços é do governo. Vamos começar a separar bem essas coisas. A Petrobras vai fazer a política de preços dela, para os clientes dela, para o volume, qualidade de clientes, enfim, como qualquer empresa vende", afirmou Prates.

"Quem vai dar a política de preços, em geral, para o Brasil, se vai ter alguma forma, algum colchão de amortecimento, conta de estabilização, preço de referência etc., sem absolutamente falar algo de congelamento, nenhum ato forte nesse sentido interventivo, é o governo brasileiro", completou o senador.


A Petrobras adota o modelo de preço de paridade internacional (PPI), o que faz com o que o preço da gasolina, do etanol e do diesel acompanhe a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional.

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Alta nos preços dos combustíveis

Os cinco aumentos seguidos ao consumidor vieram apesar de a Petrobras manter o preço do combustível congelado há mais de 70 dias. A gasolina, por exemplo, sobe desde o dia 2 de outubro, quando o litro chegou a R$ 4,79. Desde então, o produto já acumula alta de 4,8% nas bombas. Isso se deve a aumentos praticados por refinarias privadas, como a de Mataripe (BA), importadores e varejistas.

Também contribuíram para a escalada dos preços do insumo a alta no preço do etanol anidro, que compõe 27% da mistura da gasolina e, mais recentemente, no início do mês, o fechamento de estradas por pessoas que não aceitam o resultado das eleições. Os bloqueios pressionaram os preços da gasolina em estados do Sul do país, além de regiões de São Paulo.

A redução no preço da gasolina foi uma das bandeiras da campanha para a reeleição de Bolsonaro. O preço começou a cair no fim de junho, quando o litro da gasolina chegou ao pico de R$ 7,39. Então, o governo conseguiu diminuir impostos federais e estaduais, medidas que foram seguidas por quatro reduções no preço praticado pela Petrobras nas refinarias.

A ofensiva, três meses antes das eleições, baixou o preço do combustível em 35%, mas, com a alta das cotações internacionais do petróleo e dos derivados, a Petrobras ficou sem espaço para novas reduções, e altas no preço final ao consumidor foram verificadas ainda entre o primeiro e segundo turno das eleições.

Queda nas ações da Petrobras

A Petrobras e o Banco do Brasil apresentavam os piores desempenhos do Ibovespa no dia 31 de outubro, o que refletia a percepção de aumento de incertezas sobre as estratégias de ambas as estatais após Lula ter saído vitorioso na disputa presidencial.

Para o mercado, no caso da Petrobras, o foco está em medidas que poderão afetar os planos de investimento da petrolífera, com reflexo nos dividendos. Esse é um dos fatores que têm apoiado o otimismo recente de analistas com a empresa.

Planejadores de políticas da equipe do petista afirmaram, durante a campanha, que o futuro governo tenderá a intensificar a presença do Estado no setor de refino de petróleo, o que terá impacto nos rumos do preço dos combustíveis da Petrobras.

Lula também prometeu rever o PPI, de forma que os valores dos combustíveis reflitam "custos nacionais" — portanto, sem acompanhar as oscilações do dólar e do petróleo no mercado internacional.

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