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Especialistas defendem restrição ao uso de celulares em escolas: ‘Primeiro passo’

Ao R7, profissionais destacam necessidade de educação digital e risco no excesso de exposição a crianças e adolescentes

Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília

Governo confirmou restrição ao uso de celulares em escolas: aparelhos ficam proibidos até no recreio Fernando Frazão/Agência Brasil

A restrição ao uso de celulares em escolas valerá para estudantes de todo o país a partir do início das aulas de 2025. A lei foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (14) e, com as regras confirmadas pelo governo Lula, alunos da rede pública e particular só poderão usar aparelhos eletrônicos para fins educativos com a indicação de professores ou em situações para acessibilidade.

O uso vale para todos os tipos de eletrônicos, que ficam proibidos durante intervalos entre aulas nos ensinos infantil, fundamental e médio. Essa adequação é vista como um primeiro passo para a educação digital e deve diminuir impactos negativos no excesso de exposição a telas entre crianças e adolescentes, conforme avaliam especialistas ao R7.

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“A presença digital é muito intensa. Tirar um pouco dessa presença digital durante o horário escolar é muito saudável para permitir atividades de educação que podem ser feitas sem celulares”, afirma o doutor em psicologia social Rodrigo Nejm.

O especialista em educação digital do Instituto Alana também destaca que o excesso de informações sem os devidos cuidados é prejudicial para o desenvolvimento de estudantes e pode trazer outros impactos negativos a crianças e adolescentes.


“O uso hoje é feito principalmente nessas plataformas de redes sociais e jogos, que produzem uma série de situações e perigos. Na sala de aula, isso significa distração, hábitos de dificuldade de manter a atenção concentrada, ou seja, estão habituando a uma rotina de consumo frenético de informações com pouquíssimos segundos”, diz.

Na perspectiva de educadores e organizações, as novas regras em escolas ainda não são uma solução definitiva, mas contribuem para uma mudança de comportamento e aprendizagem ao próprio mundo digital. “É um bom ponto de partida para reorganizar a presença digital dos estudantes, começando pela forma de uso no ambiente escolar”, indica Nejm.


Com a mesma perspectiva, a coordenadora do Grupo de Trabalho de Saúde Digital da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Evelyn Eisenstein, destaca haver uma necessidade de orientação a crianças e adolescentes para o bom uso de aparelhos eletrônicos e plataformas.

“Não é a solução, mas é a primeira opção. As escolas têm que estar mais preparadas”, diz. “Na hora das atividades pedagógicas quem tem um controle é o professor, mas o professor também tem que saber quais os limites, quais os critérios de segurança, os critérios etários de conteúdo. Isso vai estar melhor direcionado, por isso é um primeiro passo”, completa.


Riscos entre estudantes

Além do impacto no aprendizado, a coordenadora da SBP aponta outras situações que acabam por expor crianças e adolescentes ao longo do período escolar.

“Estamos vendo todos os tipos de risco, a começar com problemas comportamentais, problemas de cyberbullying, problemas de aumento de ansiedade, aumento de depressão, risco suicida. Estamos vendo as questões de violência, abuso sexual, exploração sexual, estamos vendo também muita descriminação, não só por questões sexuais e de gênero, mas questões de região, etnicidade”, destaca.

Os problemas indicados ganham destaque com o aumento da presença de crianças e adolescentes ao ambiente digital. Pesquisa TIC Kids Online Brasil, de 2024, mostra que 93% do público entre 9 a 17 anos usa a internet e que três a cada dez já sofreram algum tipo de ofensa no mundo virtual.

Pela exposição que segue além do período escolar, o foco, de acordo com os especialistas, deve ser voltado para uma orientação consciente aos estudantes. “O espaço da escola de é aprendizagem, então vamos aproveitar a lei volta às aulas para aprender mais sobre como cuidar da relação que a gente tem com celular, dentro e fora da escola”, ressalta Nejm.

Uso de telas para cada idade

O tempo máximo de exposição saudável as telas varia de acordo com cada faixa etária, com atenção especial aos anos iniciais. A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é de que o tempo máximo seja de três horas, com riscos para saúde e problemas comportamentais caso crianças e adolescentes utilizem telas por mais de quatro horas ao dia.

“De quatro a cinco horas é o uso prolongado. Todos os estudos científicos que estamos vendo mostram o aumento de riscos comportamentais, dependência digital, transtorno de sono, transtorno de visão, transtorno de audição, e tudo isso é relacionado não só ao tempo de uso, idade precoce de uso e aos conteúdos inapropriados”, destaca Eisenstein. Veja a recomendação a cada idade:

Crianças de zero a 2 anos: não deve haver exposição a telas, principalmente em situações sem necessidade.

Crianças entre 2 e 5 anos: devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, uma hora por dia, e sempre supervisionado - por pais, cuidadores ou responsáveis.

Crianças entre 6 e 10 anos: tempo de tela limitado ao máximo 1 a 2 horas por dia e sempre com supervisão de pais ou responsáveis.

Adolescentes entre 11 e 18 anos: limitar o tempo de telas e jogos de viodeogames para entre 2 a 3 horas por dia; não deixar “virar a noite” jogando.

Para todas as idades: telas não devem ser utilizadas durante refeições, ou entre 1 a 2 horas antes de dormir.

Outras orientações: a SBP também orienta que crianças e adolescentes não fiquem isoladas em quartos com televisão, computador, tablet, celulares ou tenham uso de câmeras (webcam), com indicação que usos devem ser feitos em lugares comuns da casa.

Alerta de riscos: há aumento de riscos à saúde e problemas comportamentais caso o uso ultrapasse 4 a 5 horas por dia.

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