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'Genocídio legislado', diz Sônia Guajajara sobre projeto de lei do marco temporal

A ministra dos Povos Indígenas foi ao Congresso Nacional em ação contra a proposta que dificulta a demarcação de terras indígenas

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Sônia Guajajara criticou marco temporal
Sônia Guajajara criticou marco temporal Sônia Guajajara criticou marco temporal

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, classificou o projeto de lei do marco temporal para demarcação de terras indígenas como uma ferramenta de "genocídio legislado". "Não é possível que este Congresso Nacional faça com que este dia fique marcado como um legado daqueles que aprovaram [um projeto de lei] contra a vida dos povos indígenas", afirmou ela em uma entrevista coletiva na Câmara dos Deputados. A matéria tramita em regime de urgência na Casa, e há previsão de ser votada em plenário ainda nesta terça-feira (30).

O projeto de lei 490/2017 defende a tese de que os povos indígenas só podem reivindicar as terras já ocupadas por eles antes de 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. "Estamos aqui para pedir a retirada do PL 490 da pauta da votação de hoje. O PL representa, sim, um genocídio legislado", disse a ministra.

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Segundo Guajajara, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem conversado com os líderes a fim de reverter votos e pela retirada do assunto da pauta desta terça-feira. "O jogo não está acabado."

Para barrar a proposta, os parlamentares da bancada ambientalista apostam em outras duas estratégias: impedir o texto de ser posto na pauta do Senado ou fazer com que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrube o PL.

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A bancada ruralista é a principal articuladora da proposta e trata o assunto como liquidado na Câmara, por ser maioria. Segundo os parlamentares ligados ao agronegócio, a aprovação da matéria visa dar segurança jurídica aos produtores rurais. 

"A não demarcação das terras indígenas vai trazer prejuízos sérios não só para os povos indígenas, mas também para a economia brasileira. Engana-se quem diz que a demarcação impede [o crescimento da] economia do país. Nós temos de pensar em outro modelo econômico que não seja a partir da destruição da terra", rebateu Guajajara. 

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Julgamento no Supremo

O objetivo da bancada ambientalista é segurar a votação até que haja uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, em um julgamento marcado para 7 de junho. O relator da ação, o ministro Edson Fachin, votou contra a tese do marco temporal.

A ação que a Corte vai analisar trata do caso de uma terra indígena de Santa Catarina. No entanto, a decisão terá repercussão geral, ou seja, vai valer para todos os processos do tipo no país.

Kleber Karipuna, liderança da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), citou que há, nos bastidores, a articulação de um acordo que retira o PL 490 do Congresso no caso de o tema do marco temporal também ser retirado da pauta do Supremo. "Exigimos a continuidade do julgamento no dia 7. Que o Supremo não se acovarde retirando de pauta para negociar o direito dos povos indígenas", afirmou.

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