Haddad diz que ‘grande safra’ e queda do dólar podem baixar preço dos alimentos
Há pouco, o dólar se manteve abaixo de R$ 6 e fechou em R$ 5,92
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta quinta-feira (23), que o governo federal espera que a queda do dólar e a safra recorde diminuam os preços dos alimentos no Brasil nos próximos meses. O dólar se manteve abaixo de R$ 6 nesta-quinta (23) e fechou em R$ 5,92.
“Vamos ter uma grande safra”, disse o ministro a jornalistas. “O dólar começou uma trajetória que, eventualmente, pode ser interrompida momentaneamente pela boataria. ‘Ah, o governo vai usar o espaço fiscal…’. Não tem nada disso no horizonte. Ninguém esta pensando em usar o espaço fiscal para esse tipo de coisa. Sabemos que o que afetou o preço dos alimentos, especialmente, leite, café, carne e frutas é porque são commodities, são bens exportáveis, fazem parte das nossas exportações”, continuou.
LEIA MAIS
“Quando o dólar aumenta, isso afeta os preços internos. Na hora que o dólar começa a se acomodar, vai afetar favoravelmente os preços também. Depende muito de safra, da oferta... A safra vai aumentar muito esse ano. Todos os indicadores são de que vamos ter um bom ano de produção agrícola em todos os itens. Aparentemente, não vamos ter desfalque nenhum no que é consumido pela população”, completou.
Mais cedo, integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram para discutir medidas que visam conter a alta dos preços dos alimentos. Participaram da reunião os ministros Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). O encontro ocorreu um dia após polêmica em torno do tema.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, também participa do encontro, realizado na Casa Civil, no Palácio do Planalto, em Brasília. Na quarta-feira (22), o chefe da Casa Civil afirmou que o governo buscava um “conjunto de intervenções que sinalizem para um barateamento dos alimentos”.
A declaração do ministro gerou repercussão e questionamentos sobre que tipo de intervenção deve ser tomada. Posteriormente, a Casa Civil emitiu uma nota para negar que o governo vá promover uma “intervenção de forma artificial”.
Em comunicado, a pasta informou que “não está em discussão intervenção de forma artificial para reduzir preço dos alimentos. O governo irá discutir com os ministérios e produtores de alimentos as medidas que poderão ser implementadas”, afirmou a assessoria da pasta.
Cobrança de Lula
Lula cobrou os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, pela redução no preço dos alimentos. A reclamação sobre a alta dos produtos foi feita na reunião ministerial que ocorreu na segunda-feira (20).
Segundo integrantes que participaram do encontro, Teixeira respondeu à cobrança do chefe do Executivo dizendo que o Ministério da Agricultura, o do Desenvolvimento Agrário, o do Desenvolvimento Social e o da Fazenda têm um grupo para discutir a alta do preço dos alimentos.
De acordo com o ministro, até o fim do ano, deve ser feito um parecer sobre o tema e proposta uma solução. Lula, porém, não se contentou com a resposta e disse que o governo precisa pensar em uma resposta imediata e resolver logo a situação.
A cobrança de Lula ocorre em meio à inflação resistente dos alimentos, observada em 2024 e que deve persistir neste ano. Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revelou que alimentos e bebidas foram os itens que mais impactaram a inflação de dezembro, afetando as famílias de baixa renda. O aumento nos preços de carnes, ovos, óleo de soja e café pressionou o orçamento dessas famílias.
Além disso, passagens de transporte público, incluindo trem e ônibus, também registraram alta. A análise do IPCA destaca como a inflação é mais severa para quem ganha até R$ 5.304. Esse cenário exige atenção tanto das famílias, que devem revisar seus gastos, quanto do governo, que deve considerar medidas econômicas para controlar os aumentos.