Lula critica Trump e nega envio de tropas para Ucrânia: ‘Brasil só mandará missão de paz’
Presidente destacou que é preciso chamar atores internacionais importantes para mesa de negociação
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (19), Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, por não convidar atores internacionais importantes para a mesa de negociação sobre a guerra na Ucrânia. O petista negou também envio de tropas brasileiras para o conflito, iniciado pela Rússia em 2022. “O Brasil só mandará missão de paz”, disse.
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“A preocupação de muitas pessoas é que o Trump tem que chamar o Zelensky para mesa de negociação, porque agora só o Putin está negociando. Eu também acho errado. Não é nem chamar só o Putin ou chamar só o Zelensky. Tem que chamar os dois, colocar numa mesa de negociação e encontrar denominador comum que possa reestabelecer a paz”, disse Lula.
“Acho que o papel do Trump de negociar sem querer ouvir a União Europeia é ruim, é muito ruim porque a União Europeia se envolveu nessa guerra sabe com muita força. Eu acho que agora a União Europeia não pode ficar de fora da negociação”, completou.
As declarações foram dadas durante coletiva de imprensa por Lula e Luís Montenegro, primeiro-ministro de Portugal. Segundo o petista, diversas nações podem ser parceiras no intuito de criar uma mesa de negociação, como China, Índia e Brasil. Questionado sobre eventual envio de tropas para a Rússia ou Ucrânia, Lula negou.
“O Brasil não enviará tropa. O Brasil só mandará missão de paz. Para negociar a paz o Brasil está disposto a fazer qualquer coisa. O Brasil não mudará de posição. Quando os dois países quiserem sentar para conversar sobre paz, nós estaremos na mesa de negociação”, defendeu o brasileiro.
Recentemente, Trump relatou estar confiante sobre as negociações para o fim da guerra na Ucrânia. O presidente dos EUA afirmou que a Rússia quer acabar com o que ele chama de “barbárie” e lembrou que milhares de soldados morreram na guerra, de ambos os lados. O estadunidense destacou um possível encontro com o presidente russo Vladimir Putin.
Trump criticou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, dizendo que ele deveria ter evitado a guerra no leste europeu, e propôs novas eleições na Ucrânia devido à baixa popularidade do dirigente. O movimento de Trump, porém, não envolve a União Europeia, que está de fora das negociações.
Hoje, a Ucrânia tem poucas opções para reverter os ganhos recentes conquistados pelos russos no campo de batalha, ou seja, qualquer acordo provavelmente envolverá concessões difíceis, que podem ser vistas como uma recompensa de Trump à agressão do russo. Significa também que é mais que certo que a Rússia vai endurecer esse processo.
Putin, porém, pode ter incentivos próprios para aceitar um acordo – afinal, sua economia corre o risco de ver uma inflação incontrolável consequente dos imensos gastos bélicos, e seu Exército está sofrendo mais de mil baixas por dia. Sem contar que pode abrir caminho para a redução das sanções ocidentais.
De acordo com Lula, a luta pela democracia está correndo risco em todo o mundo. O brasileiro também criticou Trump ao dizer que “o país que mais falou em democracia e livre comércio agora é o país que fala menos em democracia e mais em protecionismo”.