Lula evita dizer se Venezuela é uma ditadura, mas pede respeito a Maduro
Segundo o presidente, quem não concorda com o governo de Maduro tem de derrotá-lo nas urnas para mudar situação do país
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta quinta-feira (29) sobre o regime de Nicolás Maduro na Venezuela e disse que o ditador merece mais respeito, apesar de o governo dele ser conhecido por episódios de violação de direitos humanos, censura à imprensa e prisão a opositores. Lula evitou dizer se a Venezuela é uma democracia, mas destacou que a situação política do país não pode sofrer interferência de outras nações.
“O conceito de democracia é relativo. As pessoas precisam aprender a respeitar o resultado das eleições. O que não está correto é a interferência de um país dentro de outro país”, afirmou Lula durante entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul.
O presidente criticou os países que chegaram a reconhecer o político Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Entre 2019 e 2022, ele se autodenominou presidente interino do país, em oposição ao regime de Maduro.
Leia mais: Depois de 8 anos, Maduro volta ao Brasil e se encontra com Lula
“O que fez o mundo tentando eleger o Guaidó presidente da Venezuela, um cidadão que não tinha sido eleito. Se a moda pega, não tem mais garantia da democracia e não tem mais garantia no mandato das pessoas”, frisou Lula. “Quem quiser derrotar o Maduro, o derrote nas próximas eleições. Derrote e assuma o poder. Vamos lá fiscalizar. Se não tiver eleição honesta, a gente fala”, completou.
Na entrevista, Lula defendeu que o Brasil financie obras em outros países. A prática foi comum nos dois primeiros governos dele, mas algumas nações não pagaram pelos empréstimos, entre elas a Venezuela, que tem um débito de cerca de R$ 3,5 bilhões. Cuba, com R$ 1,22 bilhão, e Moçambique, que deve R$ 628 milhões, são outros países que precisam acertar as contas com o Brasil.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
“Quando a gente financia uma obra no exterior, a gente está exportando engenharia, máquinas. E a gente está ganhando muito dinheiro além do que a gente vai receber. A Venezuela não pagou [o empréstimo] porque o Brasil fechou as portas para Venezuela. Foram praticamente quatro anos sem relação”, disse ele, culpando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo calote da Venezuela.
“Ele [Maduro] vai acertar o pagamento da dívida. Cuba vai acertar e todos vão, porque todos são bons pagadores e nunca deveram ao Brasil. O Brasil é um país muito grande, tem a maior população [da América do Sul], é o mais rico. Se o Brasil não ajudar outros países, como que vai ficar [o continente]?”, completou.