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R7 Brasília

'Momento histórico e grande vitória para o país', diz Lula sobre aprovação da reforma tributária

Presidente parabenizou a Câmara dos Deputados por concluir análise do texto; proposta ainda será analisada pelo Senado

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Lula parabenizou Câmara por aprovação do texto
Lula parabenizou Câmara por aprovação do texto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou nesta sexta-feira (7) a aprovação do texto-base da reforma tributária na Câmara dos Deputados, o que, segundo ele, representa "um momento histórico e uma grande vitória para o país".

"O Brasil terá sua primeira reforma tributária do período democrático. Um momento histórico e uma grande vitória para o país. Parabéns para a Câmara dos Deputados pela significativa aprovação ontem e ao ministro Fernando Haddad pelo empenho no diálogo e no avanço da reforma. Estamos trabalhando para um futuro melhor para todos", escreveu Lula nas redes sociais.

A Câmara concluiu a votação do texto-base da reforma tributária na madrugada desta sexta. A redação foi aprovada com folga em dois turnos. Ainda nesta sexta, os deputados devem analisar sugestões de alteração ao texto principal da reforma. Após essa etapa ser concluída, a matéria segue para análise do Senado.

Foram mais de 12 horas de discussão e votação. A sessão teve início às 11h de quinta-feira (6) e terminou por volta de 1h50 desta sexta. No primeiro turno, foram 382 votos favoráveis e 118 votos contra. No segundo turno, foram 375 votos a favor e 113 contrários. Eram necessários ao menos 308 votos em ambos os turnos para a aprovação da proposta. 


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O que diz a reforma

A mudança no sistema tributário do país prevê nesse momento alterações nos impostos que incidem sobre o consumo. O texto da reforma tributária prevê a substituição de cinco impostos:

• PIS, Cofins e IPI (tributos federais): por uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), gerida pela União; e


• ICMS (tributo estadual) e ISS (tributo municipal): por um Imposto sobre Bens e Serviço (IBS), que será administrado por estados e municípios.

A proposta aprovada também prevê três alíquotas para o futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA):

• alíquota geral;

• alíquota 50% menor para atividades como transporte público, medicamentos, produtos agropecuários in natura, serviços médicos e de educação; e

• alíquota zero para alguns medicamentos e setores como saúde, educação, transporte público, medicamentos e produtos do agronegócio.

Cesta básica

A cesta básica nacional de alimentos também foi incluída na alíquota zero. De acordo com o texto, fica instituída a Cesta Básica Nacional de Alimentos, "em observância ao direito social à alimentação, cujos produtos poderão ter redução de alíquota a zero". A lei complementar definirá os produtos destinados à alimentação humana que vão compor a cesta e terão alíquota zero.

Segundo a proposta, o período de transição para unificar os tributos vai durar de 2026 a 2032. A partir de 2033, os impostos atuais serão extintos. Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator do texto, propõe o início da transição em 2026. Nessa etapa, o IVA federal terá alíquota de 0,9%, e o IVA estadual e municipal, de 0,1%.

Apelo dos governadores foi atendido

Aguinaldo Ribeiro atendeu ao pedido de governadores e fez mudanças na governança do Conselho Federativo, que vai ser responsável por gerir o IBS. O relator definiu que a composição da estrutura do conselho terá:

• 27 representantes de cada um dos estados e do Distrito Federal;

• 14 representantes, que serão eleitos pelos municípios com voto em peso igual;

• 13 representantes, que serão eleitos pelos municípios com peso do voto ponderado pelo número de habitantes.

As decisões do conselho serão votadas e aprovadas se obtiverem a maioria dos votos que considerem:

• a maioria absoluta de seus representantes;

• se a maioria de representantes dos estados e do Distrito Federal corresponder a mais de 60% da população do país; e

• se tiver maioria absoluta de representantes em relação ao conjunto dos municípios e do Distrito Federal.

Mudanças em cima da hora

O texto aprovado é um novo parecer do relator da proposta, Aguinaldo Ribeiro (PP-AP), apresentado por volta das 18h55 de quinta (6) com mudanças em pontos que travavam as negociações: o Conselho Federativo, a Zona Franca de Manaus e o setor do agro.

O deputado alterou o texto após negociações com os governos federal, estaduais e municipais e com diversos setores econômicos. De acordo com o relator, é uma versão “em prol de uma reforma tributária mais consensual”.

Além do detalhamento do Conselho Federativo, outra mudança se deu no tratamento diferenciado para a Zona Franca de Manaus e as Áreas de Livre Comércio. A alteração, como aponta o relatório, é “fruto de importante acordo entre os estados amazônicos e o governo federal”. A proposta garante, ainda, o diferencial competitivo das zonas de processamento de exportação.

As alíquotas dos regimes favorecidos foram reduzidas ainda mais, de 50% para 40% da alíquota padrão. Além disso, a nova versão apresentada nesta quinta (6) retira a referência à lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, na redução para insumos agropecuários, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal, e amplia a alíquota reduzida para setores de comunicação como produção jornalística e audiovisuais nacionais.

"Imposto do pecado"

• Imposto seletivo — Será uma espécie de sobretaxa sobre produtos e serviços que prejudiquem a saúde ou o meio ambiente.

Exceções

A Zona Franca de Manaus e o Simples manteriam suas regras atuais. E alguns setores teriam regimes fiscais específicos: operações com bens imóveis, serviços financeiros, seguros, cooperativas, combustíveis e lubrificantes, planos de saúde.

Correção de desequilíbrios

• Cashback — A emenda constitucional deve prever a implantação de um cashback ou devolução de parte do imposto pago. Mas o funcionamento do mecanismo ficará para a lei complementar.

• Fundo de Desenvolvimento Regional — Este fundo será criado com recursos da União para promover regiões menos desenvolvidas. O objetivo é ter R$ 40 bilhões por ano a partir de 2033.

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