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R7 Brasília

Policial inglês é condenado a 6 meses de prisão por atropelar e matar brasileiro em Londres

Christopher de Carvalho Guedes foi morto em outubro de 2023; policial estava acima da velocidade máxima permitida para a via

Brasília|Ricardo Faria, da RECORD Brasília

Christopher de Carvalho Guedes tinha 26 anos
Christopher de Carvalho Guedes tinha 26 anos Reprodução/Arquivo pessoal

A Justiça inglesa condenou o policial Ian Brotherton a 6 meses de prisão, além de suspensão por 18 meses, 150 horas de trabalho comunitário e proibição de dirigir por 30 meses, por ter atropelado e matado o brasiliense Christopher de Carvalho Guedes, então com 26 anos, em outubro de 2023. O acidente aconteceu em Londres.

Segundo as investigações, no dia do acidente, o policial estava dirigindo a 75km/h em uma zona de 50km/h quando bateu na moto de Cristopher. Ele também teria furado o sinal vermelho. O brasileiro foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

À época, Cristopher estava há pouco mais de um mês no país com a esposa. Ele procurava um trabalho como entregador.

O juiz do caso reconheceu que o policial demonstrou arrependimento pelo que fez, mas argumentou que, “como um motorista policial treinado e dirigindo em conexão com suas funções, sua direção deve ser julgada de acordo com esses padrões”.


De acordo com as investigações, a van que o policial dirigia, ao se aproximar de um semáforo vermelho em um cruzamento, não parou nem freou e atravessou o cruzamento, batendo na moto de Cristopher, que teria sido arremessado, sofrendo ferimentos graves.

Família critica pena

Thaíse Guedes, irmã de Cristopher, disse que a família não concorda com a decisão e criticou a condução do processo por parte da Justiça britânica. “Todo o tempo, a promotora tentou fazer com que aceitássemos o acordo do policial, que era sobre ele pegar 6 meses de suspensão do serviço. Não aceitamos. E, ao nos pronunciamos sobre não aceitar a proposta, a promotora ficou exaltada e disse que o policial não poderia perder a vida de serviço na polícia por conta de 30 segundos de erro, já que eu estava trabalhando”, contou.


De acordo com Thaíse, a família foi proibida de participar de uma etapa do julgamento. “Nos proibiram de participar do julgamento do dia 3 de janeiro. O que o nosso advogado conseguiu foi com que a família escrevesse uma carta, e que essa carta fosse lida pelo juiz no julgamento do dia 27 de fevereiro. Porém, encaminharam um link com o horário errado do julgamento. O julgamento ocorreu dia 27 às 11h aqui no Brasil, e foi nos informado que o julgamento ocorreria às 17h do Brasil. Com isso, nós não pudemos acompanhar”, lamentou.

Pelas leis britânicas, a família de Cristopher não poderá recorrer da decisão, já que o oficial teria sido julgado por uma instância superior. “Perguntamos se poderíamos recorrer, porém, nos foi informado em reunião com a promotoria que no máximo podemos abrir uma reclamação informando que não concordamos com a decisão do juiz, mas que isso não modificaria a sentença", disse Thaíse.


A irmã de Cristopher reforçou que a família não concordou com a pena imposta pela Justiça britânica. “Estamos bastante revoltados com toda a situação. Desde o início sabíamos que seria difícil. É uma luta de uma classe pobre contra uma classe rica e de poder econômico superior de outro país. Ficamos mais revoltados de como a promotoria lidou com o caso e de a sentença ter sido a mínima em questão”, protestou.

Thaíse explicou que, agora, a família está em busca de entrar na Justiça contra o governo britânico. “Na área criminal, o caso está encerrado, mas iremos agora para a área cível, que entra a questão de indenização”, explicou.

Outra audiência

Além desse julgamento, o policial Ian Brotherton enfrentará outra audiência que apura uma possível má conduta policial. Existem alegações de que sua maneira de dirigir violava os padrões policiais de comportamento profissional. A audiência está prevista para o dia 26 de março.

Thaíse explicou que o policial ainda poderá perder o cargo, caso a Justiça entenda que ele teve uma conduta grave no dia do acidente que vitimou Cristopher. A família espera que o policial seja punido de forma exemplar, pelo menos na área disciplinar, para que saia das ruas.

“Dependendo de como será julgado no processo disciplinar, ele pode ficar impune ou pode ser penalizado com a perda do serviço como policial. E segundo instituto que fez toda a investigação na Inglaterra, foi solicitado à polícia de Londres que o policial seja penalizado pelos atos. Estamos lutando para que ele não volte às ruas como policial e que sirva de exemplo para tantos outros que cometem crimes e são isentos por conta da farda”, detalhou.

A irmã do motoboy desabafou sobre a sentença. “Meu irmão saiu com uma mala cheia de sonhos. Sonhos de construir uma família, sonho de melhorar sua situação financeira, de ajudar a família, de ajudar os irmãos e os pais, e foi devolvido em um caixão, com sonhos que nunca mais poderão ser realizados sem ele. Seis meses de suspensão de trabalho não são nada em comparação a anos que passaremos sem a presença dele”, lamentou.

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