Queiroga sobre Ômicron: 'Variante de preocupação, não de desespero'
Ministro diz que país está mais bem preparado para combater nova cepa, com contratação de mais leitos e avanço da vacinação
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira (29) que o país está preparado para enfrentar a nova cepa do coronavírus, identificada na África do Sul e batizada de Ômicron. "A Ômicron é uma variante de preocupação, mas não variante de desespero, porque temos autoridades sanitárias comprometidas com a assistência de qualidade para nossa população", afirmou.
Segundo o ministro, o país ampliou a oferta de leitos de tratamento intensivo e equipou as unidades com respiradores e bombas de infusão. "Hoje, se houver eventual terceira onda, temos condições muito melhores para assistir a nossa população", disse, em Salvador, onde assinou contrato com a Pfizer/BioNTech para a compra de 150 milhões de vacinas para 2022.
"Temos tranquilidade de enfrentar a imprevisibilidade do inimigo perigoso", acrescentou o ministro, tendo em vista o avanço da campanha de vacinação no país, que já tem 62,2% da população imunizada com duas doses ou com a dose única. Segundo ele, situação atual é diferente da enfrentada durante o segundo pico das infecções no país, impulsionada pela variante Gama, em novembro de 2020.
Nova cepa
Número dois do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz informou que houve uma reunião, nesta segunda-feira (29), com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Segundo Cruz, o objetivo do encontro foi debater os campos de atuação de cada agência no combate à nova cepa Ômicron. "A ideia é discutir até onde cada um atua nos casos de monitoramento dos indivíduos suspeitos de terem sido contaminados com a Ômicron", comentou.
O governo vai se reúnir ainda nesta segunda-feira (29) para decidir se aumenta a lista de países do sul da África com restrições de entrada no Brasil. Na quinta-feira (25), a Anvisa determinou a restrição a viajantes vindos da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia, Zimbábue, Angola, Maláui, Moçambique e Zâmbia. Com isso, os voos entre o Brasil e esses países estão temporariamente proibidos.
O surgimento da variante foi confirmado na semana passada e gerou preocupação em todo o mundo. A nova cepa foi identificada em Botsuana e na África do Sul. China, Hong Kong, Israel e Bélgica e Holanda também tiveram notificações da Ômicron. Algumas nações, como Japão, Estados Unidos e países da União Europeia, já aplicam medidas restritivas para a entrada de estrangeiros, como a suspensão de voos vindos da África do Sul.
Em São Paulo, um brasileiro teve diagnóstico positivo para a Covid-19 depois de um voo vindo da África do Sul na quinta-feira passada (25). No entanto, ainda não se sabe se ele foi infectado pela nova cepa. O paciente é vacinado contra o coronavírus e está em isolamento, segundo a Anvisa. Queiroga não comentou esse caso.
A nova variante apresentou diversas mutações genéticas, mas, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda não há estudos conclusivos que apotem se a cepa é mais transmissível ou letal do que as demais já identificadas. Ainda assim, a OMS classificou a Ômicron como "variante de preocupação", em razão da quantidade de alterações do vírus.
A medida é uma indicação para que governos adotem condutas de cooperação em relação aos estudos da variante, como o compartilhamento de sequências genéticas, a notificação de casos, a testagem de indivíduos e análises de laboratório para avaliar as condições da epidemia.