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R7 Brasília

Um mês após invasão, vidraças do Planalto não foram repostas

Esquadrias estão vazias no térreo do palácio, que foi alvo de vandalismo de radicais extremistas em 8 de janeiro

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Vidraças do Palácio do Planalto vazadas estão cercadas por fita isolante
Vidraças do Palácio do Planalto vazadas estão cercadas por fita isolante

Passado um mês dos ataques extremistas às sedes dos Três Poderes, o Palácio do Planalto está sem vidraças em, ao menos, 24 esquadrias, no piso térreo. O R7 esteve no palácio nesta quarta-feira (8), exatamente 31 dias depois das ações de vândalos na área central de Brasília, e verificou que as "janelas" estão cercadas por fitas isolantes.

À reportagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou que os processos de restauração ainda estão na fase administrativa e que existe um diálogo com o governo suíço, via embaixada, para uma parceria visando à restauração do relógio de Balthazar Martinot.

"Este diálogo já está adiantado e se tenta, agora, acelerar os procedimentos administrativos e legais para que o processo se inicie. A recuperação das demais peças depende de encaminhamentos também administrativos, sobre o financiamento e inclusive sobre o modelo que se irá adotar — se haverá uma equipe trabalhando no Planalto ou se as peças terão de ser enviadas a restauradores", informou a Secom.

Em 8 de janeiro, radicais invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Todos os três edifícios ficam na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está reunido, nesta quarta-feira (8), com lideranças dos partidos no Palácio do Planalto. Presidentes de 16 partidos fazem parte do encontro, que conta, ainda, com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), além de titulares de outras pastas, como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação).

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Em fala aos parlamentares e presidentes de legenda, Padilha, que comanda a reunião, lembrou dos atos extremistas de 8 de janeiro. "Esta sala foi violentada de forma absurda. A política, a institucionalidade e a democracia estancaram a tentativa de golpe. Agradeço ao Brasil. Mostramos que a humanidade criou a política para que as divergências não terminem em guerra", declarou, ao citar a ação dos governadores, deputados e senadores em reação aos ataques.


Lula também comentou o 8 de janeiro. "É bom esquecer quem governou este país até dia 31 de dezembro, mas não podemos esquecer nunca da tentativa de golpe. Não temos tempo de ficar discutindo e lembrando as coisas do outro governo. Não queremos desarmonia. As divergências são normais, não temos que concordar com tudo. É normal pensar diferente. Temos a chance e a obrigação de mostrar ao Brasil que é possível conviver democraticamente na diversidade", afirmou o presidente.

Esplanada fechada

Representantes dos povos indígenas marcharam na Esplanada dos Ministérios, na manhã desta quarta (8), em protesto contra o avanço do garimpo ilegal na reserva Yanomami, na Amazônia. Parte da via foi bloqueada pela Polícia Militar do DF para a manifestação, e a Secretaria de Segurança Pública também acompanha o protesto. O acesso de veículos à Praça dos Três Poderes e ao Congresso Nacional deverá permanecer fechado nas vias S1 e N1, até o acesso pela via L4.


Danos financeiros

O episódio de 8 de janeiro deixou prejuízo de, ao menos, R$ 21 milhões ao poder público, segundo estimativas feitas pelos Três Poderes. As invasões ocorreram por falha na operação das forças de segurança pública do DF, de acordo com a equipe de intervenção que atuou na capital federal depois do ocorrido.

Os erros nas estratégias para tentar conter os vândalos levantaram dúvidas de uma eventual omissão do Governo do DF em relação aos ataques e fizeram com que o governador Ibaneis Rocha (MDB) fosse afastado do cargo por 90 dias, bem como motivaram a demissão do secretário de Segurança Pública Anderson Torres, que está preso sob suspeita de ter facilitado a ação dos extremistas.

Nesses 31 dias que se passaram desde os ataques, cerca de 1.400 pessoas foram presas por envolvimento nos atos de vandalismo. A Polícia Federal já deflagrou cinco fases de uma operação com o objetivo de identificar quem participou, financiou, se omitiu ou fomentou os atos ocorridos em 8 de janeiro.

Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça o bloqueio de R$ 20,7 milhões de bens de presos por causa da depredação do Palácio do Planalto e dos prédios do Congresso e do STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 653 pessoas por associação criminosa e por incitar a animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes da República.

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