Quem é o juiz chamado por Trump de ‘lunático da esquerda radical’?
Magistrado determinou que deportações de supostos membros de gangues venezuelanas fossem suspensas
Internacional|Do R7

O juiz norte-americano James Boasberg, do Distrito de Columbia, tornou-se alvo de críticas do presidente dos EUA, Donald Trump, após suspender temporariamente a deportação em massa de venezuelanos para El Salvador. No fim de março, em publicação na rede social Truth Social, Trump chamou Boasberg de “lunático da esquerda radical”, “encrenqueiro” e “agitador”, e pediu sua destituição do cargo.
A decisão judicial envolveu a aplicação da Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798, utilizada pelo governo Trump para justificar as deportações com base em supostas ligações dos deportados com o grupo criminoso venezuelano “Tren de Aragua”.
Boasberg, de 62 anos, é juiz federal desde 2011, nomeado pelo então presidente Barack Obama após recomendação bipartidária. A nomeação do magistrado foi confirmada pelo Senado por unanimidade, em votação de 96 a 0.
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Anteriormente, Boasberg havia sido nomeado para a Corte Superior de D.C. por George W. Bush, em 2002. Também ocupou o cargo de juiz do Tribunal de Vigilância da Inteligência Estrangeira (FISA), a partir de 2014, e assumiu a presidência do órgão em 2020, por indicação do presidente da Suprema Corte, John Roberts.
Nascido em São Francisco, criado em Washington e formado pela Universidade de Yale, Boasberg cursou direito em Yale Law School, onde dividiu moradia com Brett Kavanaugh, hoje ministro da Suprema Corte. Antes da magistratura, trabalhou na iniciativa privada e como promotor federal, destacando-se por atuar em casos de homicídio em Washington na década de 1990.
Atuação em casos do ex-presidente
A atuação de Boasberg inclui decisões relevantes em casos envolvendo Donald Trump. Em 2016, ordenou que o Departamento de Estado processasse e analisasse e-mails polêmicos de Hillary Clinton, candidata democrata à presidência em 2016 e oponente de Trump no pleito.
Em 2017, rejeitou pedido para divulgar declarações fiscais de Trump, argumentando que somente o Congresso ou o próprio presidente poderiam autorizar a divulgação.
Mais recentemente, autorizou o depoimento do ex-vice-presidente Mike Pence em investigação sobre os eventos de 6 de janeiro de 2021, que culminaram na invasão do Capitólio por apoiadores de Trump.
Caso das deportações
O Departamento de Justiça dos EUA, sob a gestão Trump, pediu a substituição de Boasberg no caso das deportações, alegando exercício indevido de jurisdição. Os processos envolvendo o republicano, no entanto, foram atribuídos por sorteio.
Embora críticos de Trump acusem o atual mandatário de buscar intimidar o Judiciário, aliados do republicano argumentam que decisões como a de Boasberg demonstram ativismo judicial.
Boasberg é atualmente juiz-chefe da Corte Distrital de D.C. e mantém laços com diversos magistrados conservadores, como o próprio Kavanaugh. Ele não se manifestou publicamente sobre os comentários de Trump.
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