Lula diz que Pimenta fica como ministro do RS até setembro e critica Leite: ‘Devia me agradecer’
Presidente afirma que governador acha ações ‘insuficientes’; Leite respondeu críticas em evento ao lado de Lula
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (16) que o Ministério Extraordinário para Reconstrução do Rio Grande do Sul, chefiado por Paulo Pimenta, deve ser mantido até setembro, prazo estabelecido pela medida provisória que criou a pasta, em 15 de maio. Pela legislação, uma MP tem força de lei e começa a valer a partir do momento da publicação. Para não perder a validade, ela precisa ser votada pelo Congresso Nacional em até 120 dias. No caso do ministério do RS, o prazo termina em 11 de setembro.
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Apesar de avaliar que a permanência de Pimenta no Rio Grande do Sul ainda é necessária, Lula não pensa em prorrogar as atividades da nova pasta federal. “Ele vai ficar o prazo [da MP]. Acho que está na hora de começar a pensar o futuro do Pimenta, se ele vai ficar ou vai voltar para Brasília. Eu acho que ainda é cedo, ainda tem coisa para fazer aqui no Rio Grande do Sul. Se vencer a MP e não for votada, paciência, não vou brigar porque não foi votada. Mas eu espero que, até lá, em setembro, a gente conclua o grosso dos dramas do RS e ele possa voltar para sua atividade normal em Brasília”, declarou Lula, em entrevista a uma rádio gaúcha. Pimenta acompanhou a agenda do presidente.
Na conversa, o petista aproveitou para criticar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). “Às vezes, eu fico incomodado porque o governador nunca está contente com as coisas. O governador deveria um dia me agradecer: ‘Ô, Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul, porque o Rio Grande do Sul nunca foi tratado assim”, afirmou, ao destacar que Leite “fala todo dia” que as ações do governo federal em prol do RS são “insuficientes”.
Resposta
Na agenda seguinte do presidente no estado, o governador gaúcho usou o tempo de discurso para responder às críticas de Lula. Leite citou dificuldades enfrentadas pelo Executivo local desde 2019, quando assumiu o estado. “A gente começou esse governo sem ter dinheiro para pagar salário de servidor”, argumentou, no palco da cerimônia em que estavam Lula e ministros.
“Perceba que as dores que o RS sofre há muito tempo nos fazem demandar, sim, demandar atenção, pedir por essa população, pedir pelo nosso estado, porque não é só essa calamidade que enfrentamos, são recorrentes episódios que dificultam a prosperidade no nosso estado”, acrescentou.
Leite ainda afirmou que o povo gaúcho não é “mal-agradecido nem ingrato”. “O povo gaúcho agradece todo o apoio que recebe, que recebeu da sociedade brasileira e que recebe do seu governo também, presidente. Nós agradecemos os apoios alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população e do nosso estado e demandamos”, completou, ao se referir diretamente a Lula.
O governador também alegou que parte dos valores federais enviados ainda não chegou ao estado. “Muito desse recurso ainda não está conseguindo ser acessado porque tem entraves, burocracias, dificuldades que precisam ser superadas”, afirmou, ao destacar que as reivindicações não são pessoais nem ideológicas.
Logo depois de Leite, Lula discursou e devolveu as críticas. “Eu quero que toda vez que você olhar para o governo federal, você saiba que você tem um amigo. Eu não disputo nada com você, eu não disputo popularidade. Eu não sou gestor, eu sou um político e gosto de fazer politica”, rebateu.
Agenda
Lula visita o Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (16). É a quinta vez que ele vai ao estado desde o início das enchentes, no fim de abril, que deixaram 183 mortos, 28 desaparecidos e 806 feridos. Os municípios atingidos somam 478 — 96% do RS —, e cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas.
Lula foi ao Rio Grande do Sul pela primeira vez em 2 de maio, e três dias depois retornou ao estado. Em 15 de maio, o presidente visitou as terras gaúchas novamente, ação repetida em 6 de junho.
Nesta manhã, na capital Porto Alegre, o presidente vai entregar 253 unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida e assinar acordos para “agilizar a conclusão de outros empreendimentos para garantir moradia” aos atingidos pelas enchentes, como destacou o Palácio do Planalto.
Ainda na capital gaúcha, Lula participa da inauguração de um centro de oncologia e hematologia do Grupo Hospitalar Conceição. Em seguida, ele vai para São Leopoldo para o lançamento de obras viárias.