Lula sai em defesa de Marina e diz que governo tem que utilizar petróleo em transição energética
Presidente destacou que Executivo não vai derrubar nenhuma árvore e que exploração na Margem Equatorial deve ser baseada em estudo
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa, nesta quarta-feira (5), da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em relação a impasse envolvendo exploração de petróleo. Em entrevista a rádios mineiras, o petista voltou a dizer que o governo precisa encontrar uma solução sobre a exploração do óleo na Margem Equatorial, que se estende pelo litoral do Rio Grande do Norte ao Amapá.
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Segundo Lula, há uma tentativa de “jogar em cima da Marina a responsabilidade pela não aprovação de exploração de petróleo na Margem Equatorial do Rio Amazonas”. “Marina não é responsável. Nós precisamos fazer as coisas com muita clareza, com muito estudo. Nós temos que tomar conta do nosso país”, disse.
Apesar da cautela, Lula defendeu o uso do petróleo como mecanismo para fazer a transição energética, “que vai precisar de muito dinheiro”. “Temos a Guiana e o Suriname pesquisando petróleo muito próximo à nossa margem equatorial. Então precisamos fazer um acordo, encontrar uma solução em que a gente dê garantia ao país, ao mundo e ao povo de que não vai detonar nenhuma árvore, nada do rio Amazonas, nada do oceano Atlântico. A Petrobras é a empresa com mais capacidade de exploração em águas profundas”, acrescentou, destacando que os integrantes do Executivo precisam encontrar uma solução “para explorar essa riqueza, se é que ela existe”, em benefício ao povo brasileiro.
Não é a primeira vez que Lula defende explorar petróleo. No último dia 4, a ministra do Meio Ambiente afirmou que as licenças e autorizações ambientais são emitidas quando estão de acordo com critérios definidos pela lei para cada atividade. E serão feitas de forma com que o desenvolvimento socioeconômico seja compatível com um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A declaração de Marina ocorreu um dia depois de Lula ter indicado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que o governo deve destravar em breve estudos sobre exploração de petróleo na Margem Equatorial. Lula e o senador conversaram brevemente sobre o assunto na segunda-feira (3), no encontro que tiveram no Palácio do Planalto junto do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Licenças
Em publicação no Instagram, Marina fez um balanço sobre as licenças e autorizações ambientais emitidas em 2024. De acordo com ela, no ano passado, o número de licenças e autorizações foi de 548, um aumento de 10% em relação ao número de 2023, que foi de 498. O setor com maior número de licenças emitidas foi o de petróleo e gás, com 295. Em seguida, aparecem as estruturas rodoviárias, com 188, seguida de hidrelétricas, com 155. Em quarto lugar, os sistemas de transmissão, com 144, e, por último, mineração, com 76.
O Amapá, estado de Alcolumbre, é um dos principais beneficiados com a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Rio Amazonas. Na semana passada, o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), Rodrigo Agostinho, disse não ser possível prever o prazo para a análise conclusiva do pedido para perfuração na Margem Equatorial. Segundo ele, a Petrobras apresentou um novo pedido em dezembro e ele estava sendo analisado pela equipe técnica.
A margem equatorial do Brasil engloba as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás. A Petrobras, em seu plano estratégico 2024-2028, previu investimentos de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na localidade, com expectativa de perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.