Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

PF ouve simultaneamente Bolsonaro, Torres, Heleno, Braga Netto e Valdemar na quinta-feira

Estratégia foi usada outras vezes em casos que envolvem ex-presidente; oitiva acontece às 14h30 na sede da PF em Brasília

Brasília|Natália Martins, da RECORD, em Brasília

Depoimentos vão acontecer na sede da PF
Depoimentos vão acontecer na sede da PF Depoimentos vão acontecer na sede da PF (Isac Nóbrega/PR - 24/03/2020)

A PF (Polícia Federal) vai ouvir simultaneamente nesta quinta-feira (22) o ex-presidente da República Jair Bolsonaro e seus ex-ministros Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Walter Braga Netto, da Defesa. A oitiva inclui também o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto. O grupo é investigado por associação criminosa para a tentativa de um suposto golpe de Estado. Os depoimentos estão marcados para 14h30, na sede da Polícia Federal, em Brasília.

A estratégia de marcar os depoimentos para o mesmo horário já foi usada outras vezes pela PF em casos que envolvem o ex-presidente. Nos bastidores, a informação é que dessa forma alguém sempre entra em contradição, por dificultar o acesso ao que foi dito por outros investigados.

A PF já tem informações sobre uma reunião que aconteceu no Palácio do Planalto, na qual os alvos das investigações estariam tratando sobre uma minuta que estabeleceria um estado de sítio no país.

As informações foram obtidas por meio da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel Mauro Cid, e confirmadas pelos investigadores por meio de dados dos dispositivos moveis dos investigados.

Publicidade

Agora, a PF quer esclarecer detalhes da participação de cada um nas ações de planejamento para uma suposta tentativa de golpe.

Relembre o caso

A Polícia Federal cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva em nove estados e no Distrito Federal no dia 8 de fevereiro. A Operação Tempus Veritatis investiga a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente Jair Bolsonaro, com a participação de ex-assessores, militares e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Publicidade

Veja os principais pontos da operação

• O coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, ex-assessores diretos de Bolsonaro, foram presos. A PF também prendeu Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.

Publicidade
Martins era assessor para Assuntos Internacionais da Presidência no governo Bolsonaro
Martins era assessor para Assuntos Internacionais da Presidência no governo Bolsonaro Martins era assessor para Assuntos Internacionais da Presidência no governo Bolsonaro (Reprodução)

• O coronel Bernardo Romão Corrêa Neto estava em missão em Washington, nos Estados Unidos, quando a sua prisão foi autorizada pelo STF. Ele se entregou às autoridades brasileiras no país e retornou ao Brasil. 

Coronel foi recebido no aeroporto pelos agentes federais em 11 de fevereiro
Coronel foi recebido no aeroporto pelos agentes federais em 11 de fevereiro Coronel foi recebido no aeroporto pelos agentes federais em 11 de fevereiro (Reprodução/Facebook/Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre)

• Não havia mandado de prisão contra Valdemar Costa Neto, presidente do PL, mas ele foi detido em flagrante por posse irregular de arma de fogo.

Leia mais: Presidente do PL, Valdemar Costa Neto é preso em flagrante com arma de fogo

• O papel de Valdemar Costa Neto era de "principal fiador dos questionamentos" ao processo eleitoral, segundo a investigação da PF. Ele seria peça-chave do chamado "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral" do grupo criminoso.

• A arma encontrada com Valdemar seria do filho dele. A PF achou também uma pepita de ouro, que a PF acredita ser originária de garimpo.

De acordo com interlocutores da corporação, o ouro é de garimpo
De acordo com interlocutores da corporação, o ouro é de garimpo De acordo com interlocutores da corporação, o ouro é de garimpo (PF/Reprodução - 08.02.2024)

• O PL, segundo apontam as investigações da Polícia Federal, foi "instrumentalizado" para financiar e comandar a estrutura de apoio à suposta tentativa de golpe de Estado.

• O partido repassou R$ 1.225.000 ao instituto "Instituto Voto Legal" no segundo semestre de 2022. A organização foi responsável pela elaboração do "Relatório Técnico — Logs Inválidos de Urnas Eletrônicas", divulgado em 15 de novembro de 2022, que questionava a segurança das urnas eletrônicas, especialmente as fabricadas até 2020.

• Com base nesse relatório, foi apresentada pelo PL uma "representação eleitoral para verificação extraordinária" em 22 de novembro de 2022 ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Saiba mais: TSE tira Forças Armadas e STF do rol de instituições autorizadas a acompanhar auditoria das urnas

• Mesmo os investigados tendo ciência da chance remota de sucesso no TSE, a estratégia adotada "teve a finalidade de servir de fundamento para a tentativa de execução do golpe de Estado, que estava em curso", segundo o processo.

• O partido ainda manteria uma casa no Lago Sul, região rica de Brasília, utilizada como comitê de campanha do Jair Bolsonaro, que depois seria frequentada por entusiastas e articuladores do suposto golpe de Estado. O local foi chamado pela PF de "QG do Golpe".

Envolvimento de militares

• Segundo a PF, inicialmente 16 militares são investigados por pelo menos três formas de atuação.

Leia mais: Operação da PF sobre tentativa de golpe identificou seis núcleos de atuação; conheça os integrantes

• A primeira é a produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à segurança das eleições de 2022 para estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas.

Investigados teriam monitorado o ministro do STF Alexandre de Moraes
Investigados teriam monitorado o ministro do STF Alexandre de Moraes Investigados teriam monitorado o ministro do STF Alexandre de Moraes (Divulgação/PF)

• O segundo ponto de atuação dos militares investigados pela PF seria de apoio às ações golpistas, reuniões e planejamento para manter os atos em frente aos quartéis, incluindo mobilização, logística e financiamento para auxiliar os manifestantes.

Leia mais: Moraes nega pedido para afastar ele próprio do processo de um dos réus pelos atos do 8 de Janeiro

• Havia ainda o "Núcleo de Inteligência Paralela", que seria formado pelos militares Augusto Heleno, Marcelo Camara e Mauro Cid e faria a coleta de dados e informações que auxiliassem a tomada de decisões do então presidente da República na consumação do golpe.

Indícios contra Jair Bolsonaro

• O ex-presidente Bolsonaro teria pressionado os ministros do governo, durante reunião realizada em 5 de julho de 2022, para que promovessem e replicassem "desinformações e notícias fraudulentas" quanto à confiança do sistema eleitoral brasileiro, revela o processo.

• "Vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros", afirmou o ex-chefe do Executivo federal na ocasião. É o que consta no relatório enviado pela Polícia Federal para embasar a operação. Os agentes obtiveram relatos da reunião com a apreensão de um computador na residência de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro assinou um acordo de colaboração premiada com a PF em 2023.

• Uma minuta de golpe de Estado foi encontrada no escritório de Bolsonaro na sede do PL. O rascunho previa uma declaração de estado de sítio e um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no país.

• Segundo a PF, o ex-presidente chegou a solicitar alterações à minuta de golpe de Estado antes de apresentá-la a comandantes das forças militares.

Saiba mais: PF diz que dados da investigação confirmam que Bolsonaro editou 'minuta do golpe'

• Na segunda versão, as ordens de prisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teriam sido retiradas a pedido de Bolsonaro. Apenas o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), continuou na mira.

• As mudanças teriam sido solicitadas ao ex-assessor Filipe Martins, "tendo o mesmo retornado alguns dias depois ao Palácio do Alvorada e alterado o documento conforme solicitado", segundo o processo.

Leia mais: Minuta de golpe encontrada na sala de Bolsonaro no prédio do PL foi enviada por advogado, diz defesa

• O documento teria sido apresentado aos comandantes do Exército e da Marinha e ao então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, em 7 de dezembro de 2022.

• Ainda não se sabe se os documentos eram os mesmos encontrados na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres em 2023.

• As investigações da Polícia Federal apontam que Moraes foi monitorado por assessores de Bolsonaro. O monitoramento incluía deslocamento e localização do ministro entre 14 e 31 de dezembro de 2022.

• Outro grupo ligado a Bolsonaro seria o "Núcleo Jurídico", composto por pelo menos cinco integrantes: o ex-assessor Filipe Martins; o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres; o advogado Amauri Saad; o padre Jose Eduardo de Oliveira e Silva e o militar do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

• Esse núcleo seria o responsável por entregar o "rascunho do golpe" e fazer alterações a pedido de Bolsonaro. O documento teria sido originalmente entregue pelo ex-presidente justamente por Filipe Martins e Amauri Saad.

• No dia 8 de fevereiro, a PF foi à casa do ex-presidente em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde apreendeu o celular de Tércio Arnaud, um dos assessores que estava com ele no local. 

Oposição reclama de parcialidade

• O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, disse em entrevista coletiva que "qualquer estudante de direito" sabe que uma possível vítima não tem imparcialidade suficiente para conduzir uma investigação. Por isso o ministro Alexandre de Moraes deveria ser afastado do inquérito, segundo o parlamentar.

• Sobre a minuta de golpe, Marinho disse que "é um processo claro de se requentar uma situação com outra roupagem". "É um contorcionismo jurídico para inibir a oposição brasileira", declarou.

• O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), disse que não houve nada concreto. Teria havido "cogitação", o que não seria crime, na visão dele. "Não houve execução" pelo governo ou "autorização do presidente Bolsonaro" para qualquer ato, disse.

• O senador Jorge Seif (PL-SC) afirmou que "o PL tem uma previsão de fazer muitos prefeitos em todo o Brasil, muitos vereadores [neste ano eleitoral]". Por isso, estaria sendo feita uma "espetacularização do uso da Justiça, esse consórcio do Executivo com o Judiciário para enfraquecer [a legenda]".

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.