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Em meio a guerra comercial, Brasil acredita no diálogo para lidar com taxações de Trump

EUA começam nesta quarta-feira taxação de 25% sobre aço e alumínio importados, incluindo os do Brasil

Internacional|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

Donald Trump
Taxas de Trump entram em vigor nesta quarta-feira (12) Official White House Photography - 4.3.2025

Após uma série de reviravoltas nas decisões tarifárias de Donald Trump, os Estados Unidos dão início nesta quarta-feira (12) à taxação de 25% sobre o aço e o alumínio importados. A medida afeta o Brasil, que atua como grande exportador de metal para os EUA. Com isso, a fim de evitar futuros prejuízos, o governo brasileiro tenta diálogo com o governo Trump.

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Não é a primeira vez que o republicano impõe taxas a produtos estrangeiros. No seu primeiro mandato, Trump determinou o aumento das tarifas dos metais após o secretário de Comércio dizer que as importações de aço e alumínio estavam prejudicando a segurança nacional dos EUA ao “enfraquecer” a economia interna.

Na época, como retaliação, vários parceiros comerciais devolveram as taxas, mas algumas acabaram suspensas após negociações, casos de Canadá, México e Austrália. As tarifas persistiram durante o governo de Joe Biden, que concedeu uma suspensão temporária de tarifas à Ucrânia, estendida para expirar após 1º de junho de 2025.

Segundo o Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA, as medidas de Trump receberam elogios de alguns grupos da indústria local. Entretanto, outros setores se dizem preocupados com o impacto nas empresas do país e com a imposição de tarifas sobre aliados.


“Alguns observadores afirmam que as tarifas dos EUA e a potencial retaliação estrangeira podem causar inflação e aumentos de preços para consumidores e produtores dos EUA e afetar as exportações dos EUA”, informou o órgão.

Entre 2018 e 2021, quando as tarifas sobre os metais foram impostas, o aço sofreu um aumento de 2,4%, e o alumínio, de 3,6%, informou a Comissão de Comércio Internacional dos EUA.


Apesar dos adiamentos em outras tarifas, a Casa Branca confirmou nessa terça-feira (11) a manutenção das taxas sobre aço alumínio. “De acordo com suas ordens executivas anteriores, uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite de 12 de março”, disse o porta-voz Kush Desai.

Brasil aposta no diálogo

Os EUA são o principal mercado para o aço semifaturado brasileiro. Em 2023, foram exportados US$ 2,8 bilhões (R$ 16,29 bilhões, na cotação atual) em aço e US$ 900 milhões (R$ 5,24 bilhões, na cotação atual) em alumínio para o país.


Para o Brasil, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais. Em 2024, por exemplo, os americanos exportaram e importaram o equivalente a US$ 40,3 bilhões e US$ 40,5 bilhões, respectivamente.

No caso dos EUA, o México, Canadá e China são os principais parceiros comerciais do país. Entretanto, o Brasil ainda se destaca no ranking das 15 maiores nações que mais fazem acordo com os americanos, principalmente no quesito das exportações.

Nessa segunda-feira (10), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o Brasil não é um “problema” para os Estados Unidos no contexto das tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano. Segundo ele, a relação comercial entre os países é superavitária para os EUA, ou seja, eles exportam mais do que importam.

“Os Estados Unidos têm um grande déficit na balança comercial, importam mais do que exportam. Mas esse não é o caso do Brasil. Com o Brasil, os Estados Unidos têm superávit comercial tanto na balança de bens quanto na de serviços. O Brasil não é problema”, declarou Alckmin.

O vice-presidente também garantiu que equipes do governo brasileiro já iniciaram negociações para tentar minimizar os impactos das novas tarifas. Na semana passada, Alckmin conversou, por videoconferência, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, e disse que que o governo federal aposta no “diálogo” com os Estados Unidos para evitar uma eventual taxação sobre produtos brasileiros.

“Através do diálogo, será possível chegar a um bom entendimento sobre a política tarifária e outras questões que envolvam a política comercial entre os países”, afirmou o vice-presidente após o encontro.

Lula sobe o tom contra Trump

Apesar do tom mais ameno de Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou do comportamento de Trump. Ele pediu “respeito” e declarou “não ter medo de cara feia”.

“Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. Quero sair da Presidência entregando mais do que eu prometi nas eleições. O Brasil passou a ser um país respeitado. O Brasil não quer ser maior do que ninguém, mas o Brasil não aceita ser menor. Queremos ser iguais. Porque, sendo iguais, a gente aprende a se respeitar mutuamente”, declarou Lula.

Guerra comercial

Em meio à tensão com o Canadá, Trump chegou a ameaçar dobrar as tarifas dos metais para o país, aumentando os impostos para 50%. A fala ocorreu após a província canadense de Ontário anunciar o aumento de 25% em todas as exportações de eletricidade para os Estados Unidos, o que afetaria 1,5 milhão de casas e empresas em Michigan, Minnesota e Nova York.

Entretanto, o republicano voltou atrás e descartou o aumento.

Além das taxas aplicadas ao Canadá, os Estados Unidos também começaram a taxar importações da China e México desde o último dia 4. Em retaliação, no caso do governo chinês, foi anunciada a imposição de tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios.

Apesar das estratégias de Trump buscarem fortalecer os Estados Unidos, o começo de uma guerra comercial com aliados trouxe alguns impactos econômicos ao país e outras nações. Na segunda-feira, por exemplo, os mercados de ações registraram forte queda nos EUA e Ásia, resultado de uma preocupação dos investidores com risco de recessão no país americano.

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