França ameaça retaliar Rússia após ‘expulsão’ de jornalista francês
Governo de Vladimir Putin diz que decisão é resposta à recusa de Paris em conceder vistos a jornalistas russos
Internacional|Do R7

A França ameaçou nesta quinta-feira (6) uma possível retaliação contra a Rússia após o governo de Vladimir Putin retirar o credenciamento de imprensa de um jornalista do tradicional jornal francês Le Monde, que considerou o caso como uma “expulsão disfarçada”.
A medida russa foi anunciada pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, que justificou a decisão como uma resposta à recusa da França em conceder vistos a jornalistas russos do jornal Komsomolskaya Pravda.
Segundo Zakharova, a ação contra o jornalista francês Benjamin Quénelle, que atuava em Moscou há mais de 20 anos, não tem relação com o trabalho dele, mas é uma retaliação às restrições impostas por Paris aos russos.
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O Le Monde condenou o que classificou como uma decisão “arbitrária e sem precedentes” e ressaltou que, mesmo durante os momentos mais tensos da Guerra Fria, o jornal nunca deixou de manter um correspondente em Moscou.
“Esta decisão representa mais um obstáculo à liberdade de informação em um país onde jornalistas russos independentes já trabalham sob condições cada vez mais difíceis”, disse a direção do periódico em um artigo publicado na quarta-feira (5).
O Ministério das Relações Exteriores da França também criticou a ação russa e pediu que Moscou reverta a decisão, alertando que, caso contrário, haverá uma resposta.
“O argumento russo de que esta é uma medida recíproca é inadmissível. A França está totalmente preparada para considerar solicitações de jornalistas russos genuínos em nosso território”, disse o ministério em comunicado.
A tensão entre os dois países ocorre em um momento de forte repressão contra a imprensa na Rússia.
Desde a invasão da Ucrânia em 2022, Moscou tem intensificado o controle sobre a informação, impondo severas restrições à mídia independente e classificando muitos jornalistas como “agentes estrangeiros”.
Recentemente, casos como a prisão do jornalista americano Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, condenado a 16 anos de prisão por espionagem, demonstram a crescente hostilidade do Kremlin contra a imprensa ocidental.