Lula cobra mais presença do PT: ‘É preciso gastar sola de sapato’
Lula também defendeu que os militantes e políticos do PT devem estar mais próximos do eleitorado para fortalecer o partido
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo neste sábado (22) para que os integrantes do Partido dos Trabalhadores reforcem sua presença junto à população, especialmente nas periferias e entre os trabalhadores. Durante um evento em comemoração aos 45 anos do PT, no Rio de Janeiro, ele destacou a importância do diálogo direto com a base e apontou falhas na comunicação do governo.
“A pergunta que eu preciso fazer a cada um e a cada uma de nós é a seguinte: 45 anos depois, estamos atuando no dia a dia dos trabalhadores e das trabalhadoras? A verdade é que precisamos voltar a discutir política dentro das fábricas, dos locais de trabalho, ir aonde a classe trabalhadora está, da cidade e do campo”, afirmou Lula.
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Ele também defendeu que os militantes e políticos do PT devem estar mais próximos do eleitorado para fortalecer o partido. “É preciso que a gente volte a dialogar com a periferia, percorrer o Brasil, dialogar com as igrejas, gastar sola de sapato na periferia, ocupar de novo as ruas com as nossas bandeiras, porque se a gente aparece apenas de 4 em 4 anos para pedir votos, seremos iguais a qualquer partido político desse país”, declarou.
O presidente ainda reconheceu dificuldades na comunicação das ações do governo, afirmando que até mesmo dentro da própria estrutura federal há falhas na transmissão de informações.
“O que nós já fizemos nesses dois anos mais política de inclusão social que nos oito anos. Lamentavelmente, não conseguimos fazer com que isso chegasse até vocês. E, se vocês não sabem, não têm que defender”, disse.
O evento ocorreu no Píer Mauá, no centro do Rio de Janeiro, e reuniu militantes, lideranças petistas e aliados. A programação do aniversário do partido começou na sexta-feira (21), com palestras, exposições e atividades culturais.
A participação de Lula acontece em meio a um momento de desafios para o governo, marcado pela alta no preço dos alimentos, a queda na popularidade do presidente e pressões políticas por uma reforma ministerial.
Queda na popularidade
Em relação aos levantamentos que apontam crescimento na desaprovação do governo, Lula afirmou, também na quarta, nunca ter “levado a sério” os dados. Na semana passada, a pesquisa Datafolha apontou que 41% dos eleitores reprovam o presidente, o maior número já registrado pelo levantamento considerando os três mandatos dele como presidente. O petista tem, ainda, a pior aprovação dos três governos, com 24%.
“Eu nunca levei definitivamente a sério qualquer pesquisa feita em qualquer momento. Uma pesquisa serve para estudar, saber se tem que mudar de comportamento, mudar de ação, é isso que eu faço. A única coisa que posso dizer é que tenho mandato até 2026 e quero entregar o país que prometi durante a campanha eleitoral e vou entregar esse país talvez melhor do que prometi”, rebateu.
Fala polêmica
No início do mês, Lula chegou a sugerir que as pessoas deixem de comprar os alimentos que estão caros como forma de forçar a redução dos preços dos produtos. Lula argumentou, ainda, que não é porque a massa salarial e o salário mínimo cresceram que os vendedores podem encarecer os produtos
“Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai no supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Ora, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, declarou.
Para o presidente, deixar de comprar produtos caros faz parte da “sabedoria do ser humano”. O petista também afirmou que os brasileiros não podem ser “extorquidos”.